O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta semana que o governo federal pretende trabalhar intensamente para reduzir o rombo das contas públicas. De acordo com ele, a equipe tentará zerar o déficit em até dois anos.
A saber, o ministro deu as declarações no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também participou do evento, que chegou ao fim nesta sexta-feira (20).
“Se você pegar uma série histórica, a gente está pretendendo voltar receitas e despesas ao mesmo patamar pré-crise da pandemia, que é 18,7% [do PIB no governo federal]. Se nós conseguirmos isso em dois anos, a gente consegue zerar o déficit. E isso vai ser tão mais fácil se aprovarmos a reforma tributária”, explicou Haddad.
Para 2023, a expectativa é que as contas públicas tenham um rombo de R$ 231,5 bilhões. Pelo menos esse foi o valor aprovado pelo Congresso Nacional no ano passado. E o ministro vem afirmando que o governo tentará reduzir esse déficit para R$ 100 bilhões através do aumento da arrecadação de impostos.
A propósito, Haddad chegou a afirmar na semana passada que o rombo nas contas públicas poderia ser zerado já na passagem deste ano para 2024. No entanto, ele ponderou essa afirmação, alegando que isso poderia levar mais tempo.
“Em algum momento no final de 2023 para o primeiro semestre de 2024, se tudo acontecer, zera o déficit. Mas sabemos que pode haver frustração. Mesmo que tome medidas, tem um delay”, disse o ministro, referindo-se a um eventual atraso entre as medidas realizadas pelo governo e o impacto que irão provocar nas contas públicas.
Brasil deve crescer acima da média mundial
Em Davos, o ministro da Fazenda também afirmou que a equipe econômica irá trabalhar na criação de uma agenda de crédito. Em suma, o principal objetivo dessa medida é retirar os consumidores das listas de negativados. Com isso, eles poderão voltar ao mercado de consumo, impulsionando a economia brasileira.
Haddad explicou que a agenda do governo federal para equilibrar as contas públicas “será acompanhada de medidas para o crédito, para reindustrialização e olhando para a transição ecológica”.
“Se conseguirmos fazer isso e equilibrar nossas contas, o Brasil vai continuar crescendo acima da média mundial. Como aconteceu nos mandatos do governo Lula, é o que queremos novamente. Crescer acima da média mundial com justiça social e sustentabilidade no meio ambiente”, disse o ministro.
No evento, Haddad também defendeu a integração internacional do Brasil, alegando que esse fato foi fundamental para fazer o país crescer “1,5 vez mais que a média mundial durante os oito anos dos governos Lula”.
“Eu penso que a integração dos nossos mercados para ganhos de escala consideráveis seja um outro elemento importante para atrair investimentos externos de acordo compatíveis com as nossas necessidades de oferecer empregos de mais alta qualidade para os nossos trabalhadores”, afirmou.
De acordo com ele, a América Latina precisa se integrar para atrair investimento externo, promovendo o crescimento da região. Dessa forma, poderá fazer frente a grandes blocos econômicos, como Estados Unidos, Europa e China.
“Então não é só investimento em educação que precisa ser feito, mas um tipo de investimento do qual nossa região tem um déficit importante. E para isso, a escala de mercados não é trivial, é uma questão central. Se nós não pensarmos em formas de integração regional, vamos ter muita dificuldade de decolar”, explicou o ministro.
Haddad destaca o uso da energia limpa
Durante a sua participação no evento, Fernando Haddad também afirmou que a América Latina possui uma grande vantagem em relação ao mundo: a energia limpa. Segundo ele, isso aumenta a competitividade da região, principalmente devido às particularidades da energia limpa.
“Ela não é facilmente transportável, e isso pode ser uma vantagem não só por interligar as Américas com linhas de transmissão, mas pode ser um fator determinante para atração de empresas e indústrias que queriam produzir a partir de energia limpa, para que toda a sua cadeia produtiva esteja em compasso com as determinações ambientais que hoje são incontornáveis”, afirmou.
Por fim, o ministro disse que o governo tentará avançar na questão da reformulação do Imposto de Renda no segundo semestre de 2023. A saber, esse ponto vem recebendo muitas críticas, visto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu fazer o que havia prometido, que era zerar o imposto para quem recebia até R$ 5 mil.
“A reforma tributária que queremos votar no primeiro semestre, sobre consumo, mas no segundo semestre sobre a renda, para desonerar camadas mais pobres do imposto, e para onerar quem hoje não paga imposto. Reequilibrar o sistema tributário brasileiro para melhorar a distribuição de renda no Brasil”, disse Haddad.