A prévia da inflação oficial do país ficou em 0,35% neste mês de setembro. Trata-se do aguardado número do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). Este número foi considerado alto por boa parte dos especialistas do mercado, mas tem uma explicação clara: o aumento no preço médio da gasolina no país.
Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve uma aceleração da inflação em relação ao que se registrou no mês anterior. Em agosto, o IPCA-15 fechou em 0,28%. O avanço para 0,35%, no entanto, ainda ficou abaixo do que o esperado por alguns especialistas consultados pela agência de notícias Reuters. Eles esperavam um avanço para 0,38%.
O fato é que com o novo resultado apresentado, o IPCA-15 registrou um acúmulo de 5% na janela dos últimos 12 meses. No ano de 2023, o acúmulo é de 3,74%.
Gasolina foi a “vilã”
Como dito, a gasolina parece ter sido a grande responsável por esta aceleração da inflação no mês de agosto. De acordo com as informações oficiais, seis dos nove grupos pesquisados registraram alta neste mês. O setor de transportes teve a maior variação (2,02%) e também o maior impacto (0,41%), certamente ocasionados pelo aumento da gasolina.
No último mês, o preço médio do litro deste combustível registrou uma alta de nada menos do que 5,18%. Sozinho, o item respondeu por 71% do IPCA-15 do mês de setembro.
Os demais combustíveis
Ao contrário da gasolina, os demais combustíveis registraram pequenas elevações ou até quedas neste mês de setembro. No caso do diesel, o avanço foi de 17,93%. Veja abaixo:
- óleo diesel (17,93%);
- gás veicular (0,05%);
- etanol (-1,41%).
Vale lembrar que ainda no último mês de agosto, a Petrobras anunciou um reajuste nos preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras. Estas elevações foram sentidas nesta nova divulgação de inflação.
Segundo a estatal, este aumento está ocorrendo por causa da alta da cotação internacional do petróleo. A ideia também é reduzir a defasagem que a empresa tinha em relação ao preço internacional. A companhia disse que chegou ao “limite da sua otimização operacional”, e que precisava começar a repassar o preço ao consumidor.
Além da gasolina
De todo modo, não foi apenas a gasolina que ajudou a indicar esta aceleração da inflação. Como dito, seis dos nove grupos pesquisados pelo IBGE registraram uma aceleração dos números. Abaixo, você pode conferir a lista completa.
- Alimentação e bebidas: -0,77%;
- Habitação: 0,30%;
- Artigos de residência: -0,47%;
- Vestuário: 0,41%;
- Transportes: 2,02%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,17%;
- Despesas pessoais: 0,35%;
- Educação: 0,05%;
- Comunicação: -0,15%.
Note que uma das áreas mais importantes para os brasileiros registrou uma nova deflação neste mês. Estamos falando do setor de Alimentação e bebidas. Os preços dos produtos nos supermercados seguem caindo segundo esta nova análise. Os destaques foram:
- batata-inglesa (-10,51%);
- cebola (-9,51%);
- feijão-carioca (-8,13%);
- leite longa vida (-3,45%);
- carnes (-2,73%);
- frango em pedaços (-1,99%).
Por outro lado, alguns alimentos também tiveram aumento no mês de setembro:
- banana-d’água (4,36%);
- arroz (2,45%);
- frutas (0,40%).
BC vê inflação benigna
Em um comunicado recente, o Comitê de Política Monetária (Copom) disse que considera que o atual momento inflacionário brasileiro está controlado e é benigno.
“A inflação ao consumidor segue com uma dinâmica corrente mais benigna, exibindo desaceleração tanto na inflação de serviços quanto nos núcleos de inflação. Os indicadores que agregam os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que possuem maior inércia inflacionária, apresentaram menor inflação, mas mantêm-se acima da meta”, diz o BC.
“O Comitê avalia que parte da incerteza observada nos mercados, com elevação de prêmios de risco e da inflação implícita, estava anteriormente mais em torno do desenho final do arcabouço fiscal e atualmente se refere mais à execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais”, completa o comunicado.
Recentemente, o BC decidiu reduzir a taxa básica de juros Selic em 0,50 ponto, de 13,25% para 12,75% ao ano. A redução já está causando impactos. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, por exemplo, já decidiram reduzir a suas taxas de juros internas para a contratação do consignado do INSS, por exemplo.