FGV quer novo índice para substituir o IGP-M no reajuste de aluguel
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulga o resultado do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), que tem ficado nas alturas. Só em março, o IGP-M avançou 2,94%, acumulando 8,26% em 2021 e 31,10% no intervalo de 1 ano. Por conta disso, a FGV estuda a substituição do IGP-M para outro índice no reajuste de aluguel.
Só para se ter uma ideia do avanço do IGP-M, em março do ano passado o avanço do índice havia sido de 1,24%, o que trouxe um acúmulo de 6,81% no intervalo de 1 ano. Os números mostram que a pressão sobre os preços tem sido muito maior recentemente do que se via há cerca de 12 meses.
Esses índices alternativos têm ganhado mais presença nesse reajuste, dado que o IGP-M acabou disparando a níveis muito mais altos que os demais nos últimos meses. Foram esses últimos fatos que acabaram incentivando a iniciativa da FGV de buscar uma nova alternativa de um índice que possa ser o reajustador dos aluguéis além do IGP-M.
A distorção do IGP-M no Brasil
A CNN Brasil Business conversou com o coordenador dos Índices de Preços da FGV a respeito do tema, principalmente sobre o avanço da situação de preços no Brasil e de alguns segmentos específicos.
André Braz disse à CNN Brasil que “Todos os índices componentes do IGP-M registraram aceleração” e que “Trata-se do maior valor para março desde o início do Plano Real”, o que demonstra o momento atípico que estamos vivendo no Brasil.
Sobre esse forte aumento o IGP-M, André Braz explica que “O resultado do IGP-M em março veio muito influenciado pelo reajuste da gasolina e do diesel, tanto no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que corresponde a 60% da cesta, como no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que reúne outros 30%.”
Apesar disso, André Braz acredita que o IGP-M pode continuar avançando até o final do primeiro semestre de 2021 dessa forma e que a possibilidade de desaceleração seria só no segundo semestre.
A substituição no reajuste de contratos
Importante dizer que o IGP-M é o principal indexador para reajustar o preço dos aluguéis anualmente, mas não é o único utilizado. Outros índices, como o próprio IPCA, têm sido utilizados para reaver os valores nos contratos de aluguel.
Quando questionado pela CNN a respeito desse tema, André Braz explicou que “O IGP-M não foi criado com o propósito de servir de referência para contratos imobiliários, mas foi adotado pelo setor. De todo modo, a gente percebe que a variação no valor dos aluguéis está em 3%, cerca de 10% do IGP-M. Ou seja, o índice é citado, mas é pouco utilizado de fato.”
André Braz aponta que o objetivo da FGV é justamente criar um indicador específico para o mercado imobiliário, dado que eles consideram que o IPCA não seria o ideal para este propósito de substituir o IGP-M, pois ele não avalia a remuneração. Ainda não se tem uma data de apresentação desse projeto.
Braz afirma que a FGV está em busca de ter mais contato com as imobiliárias pelo país. Agora, de modo que eles possam ter parcerias em que seja constante o fluxo de dados referente a preços dos contratos de aluguel, para que assim, se possa pensar em um índice nacional e informações específicas de cidades grandes do Brasil.