O número de famílias com dívidas continuou crescendo no mês de julho, chegando a 71,4%, atingindo o maior patamar histórico desde 2010. No comparativo com junho, a alta já é de 1,7 ponto percentual e de 4 pontos em relação a julho de 2020, sendo o maior aumento anual verificado desde dezembro de 2019.
Os dados foram coletados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (peic), divulgado nesta quinta-feira (5) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Entre as dívidas mais frequentes, incluímos cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado e empréstimo pessoal.
Análise dos grupos por faixa de renda
Na análise conforme os grupos de renda, o endividamento das famílias que recebem até dez salários mínimos aumentou, saindo de 70,7% para 72,6% na passagem mensal. Em julho de 2020, o indicador estava em 69%.
A inadimplência nesse período também aumentou de 28,1% para 28,7% e 13,1% dos entrevistados disseram que vão continuar com dívidas em atraso. Já para o grupo que recebe mais de dez salários mínimos, o endividamento também está batendo recordes mensais, com o percentual atingindo 66,3% em julho.
A inadimplência para este grupo de renda cresceu de 11,9% para 12,1% e 3,5% afirmaram que não têm condições de pagar as dívidas. A parcela de renda média comprometida também já é a maior desde 2017.
Principais dívidas das famílias
O tempo médio para a quitação das dívidas em atraso fechou julho em 61,9 dias. A principal dívida das famílias se refere ao cartão de crédito, assinalada por 82,7% dos entrevistados. Carnês de lojas respondem por 18% das dívidas das famílias, além de que 9,8% tem alguma dívida de crédito pessoal e 9,7% se envolvem com dívidas referentes ao financiamento de um imóvel.
Outro ponto que também dificulta e diminui o poder de compra dos brasileiros está relacionado com a inflação, deteriorando os orçamentos domésticos. A renda dos consumidores também foi afetada pelas fragilidades tanto no mercado formal como também informal, além do fato de que o Auxílio Emergencial pago neste ano é menor e de que a retomada da economia ainda depende de números mais significativos na vacinação.
O alerta com o cartão de crédito
O maior número de endividados se deve também ao mau uso do cartão de crédito, oferecendo maiores taxas para o consumidor quando se torna crédito rotativo, que representa a parte do saldo devedor passado para o mês seguinte. Sendo assim, a dívida do cartão de crédito começa a se tornar uma bola de neve, em que somente se quitando todas as parcelas é possível resolver.
Embora o cartão de crédito possa funcionar como uma ferramenta de recomposição de renda e potencializar o consumo, o fato de existirem 71% das famílias com dívidas em aberto, se acendeu um alerta para o uso do cartão de crédito e também o potencial de aumentar o número de inadimplentes.