A quantidade de famílias brasileiras com dívidas fechou o último ano em 52,6%, estabelecendo um novo recorde. De acordo com o Banco Central do Brasil, a máxima histórica em 2020 havia encerrado na faixa de 43,9%. Para isso ter ocorrido, somam-se fatores como o aumento da inflação no último ano e o desemprego ainda alto.
Descontando as dívidas do setor imobiliário, o endividamento no último ano ficou em 33%, subindo em relação ao ano anterior, que havia encerrado em 26,9%. Em dezembro de 2021, o Banco Central deu explicações sobre a nova metodologia que considera a renda disponível bruta das famílias, ao invés da massa salarial ampliada.
A nova medida para avaliar a renda das famílias inclui os recursos recebidos de forma extraordinária, como os pagamentos do Auxílio Emergencial e o Saque emergencial do FGTS, não considerando a renda de aluguéis, rendas distribuídas das empresas para as famílias e também rendas obtidas com investimentos próprios.
Entenda como as dívidas das famílias brasileiras estão aumentando
De acordo com o Banco Central do Brasil, o comprometimento da renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional terminou o último ano acima do resultado final de 2020, saltando de 23,7% para 27,9%.
Após os descontos dos empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda acabou fechando o ano passado em 25,6%, uma alta em comparação aos 21,5% do ano anterior. Em novembro, os percentuais estavam em 28,0% e 25,7% respectivamente.
Desemprego contribui para o aumento do endividamento
O desemprego no Brasil também contribui para o aumento do endividamento, visto que muitos dos brasileiros que perderam o seu posto de trabalho não conseguem se recuperar no empreendedorismo e muitos estão a mais de um ano sem conseguir um novo emprego.
Mais precisamente, o desemprego no Brasil ficou em 11,1% no primeiro trimestre do ano, de acordo com os dados que foram revelados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, que foi revelada nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O número de brasileiros à procura de trabalho é de 11,94 milhões.
O resultado ficou dentro das expectativas dos analistas do mercado financeiro, que estimavam uma taxa de desemprego entre 11% a 11,7%. Mesmo com o aumento das dívidas das famílias ao longo do último ano, o resultado da queda do desemprego é positivo, pois no mesmo período em 2021 estava em 14,9%.
A renda média do trabalhador acabou ficando mais sobrecarregada no trimestre anterior, que fechou em março, ficando em R$ 2,548, representando uma queda de 8,7% em relação ao que foi registrado no mesmo período em 2021.
Por conta do aumento da inflação em 2021, o brasileiro passou a ter menor poder de compra, e assim, muitas famílias com recursos menores acabaram acumulando dívidas ao longo do último ano. Um alento para os milhões de brasileiros que estão com dívidas, pode ser a utilização de até 40% do FGTS Emergencial para quitar uma parte do endividamento, já autorizado pelo Governo Federal.