Fábula é uma composição narrativa em que os personagens são animais que apresentam características humana, principalmente a fala. A fábula tem caráter educativo e ao final traz um ensinamento, fazendo analogia com o cotidiano. A mensagem educativa é chamada moral da história.
Bastante utilizada na literatura infantil, a fábula busca passar, através de histórias vivenciadas pelos personagens irracionais, ensinamentos para os seres humanos. Esse tipo de texto geralmente apresenta uma narrativa curta e é escrita em prosa ou em poema épico. Ela faz parte do gênero textual que se encaixa nos tipos de textos narrativos, apresentando os elementos estruturais da narração como: personagens, narrador, tempo, espaço e enredo.
Em uma fábula, os personagens são chamados de personagens tipo. Isso ocorre porque eles representam um modo de ser de um conjunto de pessoas e não a cada um individualmente. Assim, os animais simbolizam aspectos dos seres humanos, como por exemplo, a raposa representa a astúcia, o leão representa a força.
Características da fábula
Por se tratar de uma tradição oral, uma mesma fábula pode ganhar roupagem diferente em diferentes épocas e regiões. As fábulas são histórias que buscam construir explicações sobre as manifestações da natureza, as relações entre as pessoas, seus defeitos, suas paixões, seus comportamentos, suas virtudes e as relações entre a humanidade e a natureza.
Algumas características dessa vertente de gêneros textuais são:
- Apresenta uma narrativa alegórica em prosa ou em poema épico;
- Seus personagens são antropomórficas, ou seja, animais com características ou comportamentos humanos;
- Através do comportamento dos animais, representa virtudes, qualidades e defeitos dos seres humanos;
- Por se tratar de um gênero transmitido oralmente, as fábulas costumam ter muitas versões;
- Presença de “personagens tipo”, ou seja, personagens que representam o comportamento humano de forma coletiva e não de maneira individual;
- Traz uma lição moral no final da história.
Origem da fábula
Originada no Oriente, a fábula foi tradição entre os assírios, sumérios e babilônios. Por volta de 1500 a.C. os sumérios já utilizavam narrativas com animais que possuíam características humanas, além de trazer uma lição moral em suas mensagens.
Apesar de existir desde as primeiras civilizações, a fábula foi desenvolvida na Grécia Antiga, onde foi cultivada por Esopo, Hesíodo e Arquíloco. Nessa época, onde a liberdade de expressão era limitada. Esse tipo de narrativa foi utilizada para se opor à opressão, para criticar usos, costumes, governos.
Os autores usavam animais como personagens de suas histórias para escapar da repressão que poderia haver por parte de quem fosse criticado. Assim, a fábula servia como um código para que as críticas fossem feitas de maneira subjetiva.
Ainda pertencente ao gênero oral, as fábulas de Esopo são repletas de mensagens que apresentam contraposição entre mais fracos e mais fortes, nas quais na maioria das vezes os mais os mais fracos vencem os mais fortes utilizando a astúcia.
Por volta do século I a.C., o romano Fedro aperfeiçoou a fábula dando um toque estilístico e inserindo-a. Mais tarde, aproximadamente no século XVI, Leonardo da Vinci as reinventou, no entanto, seus textos não ganharam repercussão fora da Itália.
Por volta do século XVII a fábula foi recriada. O francês La Fontaine reescreveu e propagou as fábulas de Esopo, atribuindo a elas uso educativo. Além disso, Fontaine caracterizou personagens de acordo com sua aparência. Algumas das composições mais conhecidas de todos os tempos são: a cigarra e a formiga, a raposa e as uvas, e a lebre e a tartaruga.
A fábula possui um caráter moral e é utilizada com fins educativos. Ao longo dos anos, a moral desses textos chegou a se transformar em provérbios que pregam ensinamentos sobre alguns aspectos da vida cotidiana.
Conheça a fábula O leão e o rato. Ela é uma das produções atribuídas a Esopo que foi recriada por Jean La Fontaine.
“O Leão e o Rato
Jean de La Fontaine
Certo dia, estava um Leão a dormir a sesta quando um ratinho começou a correr por cima dele. O Leão acordou, pôs-lhe a pata em cima, abriu a bocarra e preparou-se para o engolir.
– Perdoa-me! – gritou o ratinho – Perdoa-me desta vez e eu nunca o esquecerei. Quem sabe se um dia não precisarás de mim?
O Leão ficou tão divertido com esta ideia que levantou a pata e o deixou partir.
Dias depois o Leão caiu numa armadilha. Como os caçadores o queriam oferecer vivo ao Rei, amarraram-no a uma árvore e partiram à procura de um meio para o transportarem.
Nisto, apareceu o ratinho. Vendo a triste situação em que o Leão se encontrava, roeu as cordas que o prendiam.
E foi assim que um ratinho pequenino salvou o Rei dos Animais.
Moral da história: Não devemos subestimar os outros.”
Autores de fábulas
Os fabulistas mais famosos são Esopo, Fedro e La Fontaine, que reescreveu fábulas de Esopo. Ele criou uma obra intitulada “Fábulas”, dividida em 12 livros, no qual usou uma linguagem que possibilitou analisar a alma e a natureza humana.
Escritas em versos livres, as fábulas de La Fontaine foram publicadas entre 1668 e 1694. Elas foram usadas para criticar de forma lúcida e satírica a sociedade do final do século XVII.
A maior representante do gênero no Brasil foi o escritor Monteiro Lobato. Ele escreveu fábulas como a coruja e a águia, o cavalo e o burro, o corvo e o pavão, além de também reescrever fábulas de Esopo.
A fábula na literatura infantil
A fábula é um gênero narrativo bastante utilizado na literatura infantil. Por se tratar um narrativa didática, elas são passadas por pais, por professores, estão em livros, em peças de teatro, em filmes, entre outros. Além do caráter didático-pedagógico, esse tipo de texto é utilizado para disseminar valores essenciais às relações sociais, abordando conflitos da vida dos seres humanos em sociedade de maneira lúdica.