Um professor do Centro de Ensino Médio 804, escola pública do Distrito Federal, causou revolta em pais e alunos após tecer comentário racista na internet.
Murilo Vargas, que leciona espanhol na instituição, repostou a foto de uma modelo negra de cabelo crespo com black power – penteado icônico da cultura negra – e legendou com a frase: “cosplay de microfone”.
Na postagem original estava escrito: “Não consigo ouvir o seu racismo por causa do volume do meu cabelo”. E o professor aproveita para tirar sarro em sua republicação.
Além de internautas reagirem contra o que Murilo escreveu, se iniciou uma movimentação na comunidade escolar onde ele trabalha. Estudantes se mobilizaram para pedir a demissão do professor e criaram um abaixo assinado para recolher assinaturas de quem repudia o comportamento do professor.
A Secretaria de Educação, de acordo com o portal G1, afirma que vai “apurar o assunto”. Já o professor disse “não ter nada a declarar”.
“A Secretaria de Educação reafirma a sua missão educacional de assegurar o respeito à diversidade e à pluralidade na rede pública de ensino e, com isto, contribuir para que se propague em toda a sociedade.”
Estudantes denunciam comportamento de professor
Por conta da repercussão negativa, o perfil da escola nas redes sociais publicou uma nota de repúdio à publicação do professor.
“Essas declarações não refletem o pensamento da escola, que sempre prezou pela diversidade e pluralidade de ideias e procurou sempre se pautar pelos princípios da liberdade, como escola formadora do pensamento crítico-reflexivo, independente de partidarismo político, ideologia, raça ou credo.”
De acordo com uma estudante de 17 anos, ela já presenciou o professor chamar uma aluna negra de “macaca” em sala de aula. Questionada se a turma procurava a diretoria, ela afirmou que sim. “A gente contava, mas era a palavra dele contra a nossa”.
Segundo a aluna, a postagem do professor nas redes sociais foi uma oportunidade de tornar o caso público. “É a primeira vez que a gente consegue registrar ele fazendo isso”, afirmou.
Mais de 2,4 mil assinaturas
O abaixo-assinado elaborado pelas estudantes já reuniu mais de 2,4 mil assinaturas.
No documento, está exposto que a conduta desrespeita o regimento da Secretaria de Educação, que proíbe professores de “ferir a suscetibilidade dos estudantes no que diz respeito às convicções políticas, religiosas, etnia, condição intelectual, social, assim como no emprego de apelidos e/ou qualificações pejorativas”.
O crime de racismo pode ser punido nos termos do artigo 140 do Código Penal, caracterizado como injúria “na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia”. A pena para esse crime é de um a três anos de reclusão e multa.