A estimativa para a inflação no ano de 2022 foi elevada mais uma vez pelo Banco Central (BC). A revisão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,7% para 7,1%, ultrapassando a meta definida para 2022, de 3,5%. A nova estimativa foi divulgada nesta quinta-feira (24) e aponta que as chances da meta ser estourada novamente gira em torno dos 97%.
De acordo com o relatório, o BC estuda a aplicação de dois cenários distintos: no primeiro, as estimativas para a inflação neste ano ficam em torno de 10,6% nos dois primeiros trimestres do ano, caindo para 7,1% no fim do ano e para 3,4% em 2023. Neste cenário, a previsão para a Selic é de que feche 2022 em 12,75%, caindo para 8,75% ao ano em 2023.
No segundo, prevê que a inflação feche 2022 em 6,3%, caindo para 3,1% em 2023. Esse ambiente considera a hipótese de uma queda no preço internacional do petróleo, diminuindo o impacto do produto na alta dos preços no país.
Como a crise na Ucrânia pode afetar a inflação no Brasil?
As notícias sobre a Inflação no Brasil já não eram otimistas há alguns meses. No entanto, com o cenário atual da guerra da Ucrânia essas perspectivas podem piorar, e muito. Isso, na prática, significa que o brasileiro, como o resto do mundo, terá que conviver com preços ainda mais altos, com juros mais pesados e por um tempo também mais longo do que o que já era esperado.
A situação complicada que o Brasil e o mundo vinham enfrentando, era principalmente motivada pela pandemia de Covid-19. Agora, com a alta taxa de vacinação, a pandemia não é mais o protagonista no cenário da alta desenfreada da inflação que estamos passando, mas sim a guerra que estourou no leste Europeu, mais precisamente na Ucrânia.
Produtos de alto consumo na sociedade brasileira, como combustíveis e os alimentos, ficarão ainda mais caros. Já que os preços do petróleo, de fertilizantes e de importantes grãos, como milho e trigo, subiram muito nos mercados internacionais desde o estouro do conflito entre Rússia e Ucrânia, importantes fornecedoras desses produtos.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o BC salientou através do relatório que “O elevado nível corrente de incerteza econômica doméstica atua na mesma direção. Neste contexto, a projeção de crescimento para o PIB (soma de todas as riquezas produzidas no país) em 2022 foi mantida em 1,0%”.
Combustíveis são os mais afetados
Com a elevação do preço do barril de petróleo, começam a ser geradas algumas preocupações e incertezas de até que ponto o preço do combustível será afetado no Brasil.
Ao que tudo indica, deverá acontecer um repasse “relâmpago” do preço dos combustíveis aos consumidores, com a possibilidade real de que a gasolina passe de pelo menos os R$ 8 ao litro.
Os ajustes da gasolina e diesel no Brasil são sempre considerados de acordo com a cotação do barril de petróleo no exterior. Neste momento o preço do combustível representa até 6% da inflação no país e caso os preços se mantenham em níveis elevados, esse impacto em 2022 poderá ser ainda maior do que aconteceu nos últimos anos.
Além da inflação, outra previsão de alta que foi realizada pelo Copom é em relação à taxa Selic, que é definida pelo BC e serve para medir a taxa básica da economia. A instituição acredita que novos reajustes serão feitos no Brasil, para conter o preço do dólar e proteger os investimentos de renda fixa, podendo chegar a 13,75%, neste momento fixada em 11,75%.