O cânone literário é um conceito fundamental para compreender a forma como as obras literárias são selecionadas, valorizadas e consideradas como referências culturais em determinado contexto. O cânone representa um conjunto de obras consideradas como exemplares, influentes e dignas de estudo e preservação ao longo do tempo.
Construído socialmente, o cânone literário pode variar de acordo com o tempo, o espaço geográfico, a cultura e os valores dominantes em determinada época. Ele reflete os critérios estabelecidos por críticos, acadêmicos e instituições literárias que desempenham um papel importante na determinação do valor literário.
As obras que fazem parte do cânone são consideradas como referências importantes dentro de uma tradição literária específica. A valorização das obras se dá por sua originalidade, inovação estética, profundidade temática, relevância histórica ou por seu impacto na literatura subsequente. O cânone literário, portanto, serve como um guia para os estudiosos e leitores na seleção de obras literárias significativas e dignas de estudo.
No entanto, é importante ressaltar que o cânone literário também pode ser alvo de críticas. Muitas vezes, ele reflete visões e preconceitos dominantes, privilegiando certos grupos sociais, gêneros literários ou tradições em detrimento de outros. Por isso, nos últimos anos, tem havido um movimento de questionamento e revisão do cânone literário, com o objetivo de ampliar sua abrangência e incluir uma variedade de vozes e experiências.
Além disso, entre os fatores que influenciam o cânone literário também estão fatores políticos, econômicos e ideológicos. Determinadas obras podem ser valorizadas e promovidas com base em interesses específicos, como a preservação de tradições culturais, a construção de identidades nacionais ou a legitimação de certas ideologias. Nesse sentido, o cânone literário torna-se tendencioso e restritivo, que reforça hierarquias e desigualdades.
O cânone literário brasileiro abrange uma ampla variedade de períodos históricos, gêneros literários e correntes estéticas. Ele inclui obras clássicas e consagradas, mas também obras mais recentes, que vêm contribuindo para o enriquecimento do cenário literário do país.
Um marco importante no cânone literário brasileiro é a “literatura colonial”, ou seja, a literatura produzida durante o período colonial, antes de 1822. Nesse período, destacam-se nomes como Gregório de Matos, considerado o maior poeta barroco do país, e José de Anchieta, considerado um dos primeiros escritores brasileiros.
No século XIX, o Romantismo foi o movimento que marcou a literatura brasileira. Esse movimento valorizava a expressão do indivíduo, a emoção e a natureza. Nesse contexto, destacam-se autores como José de Alencar, que retratou o Brasil e seus costumes em obras como “Iracema” e “O Guarani”. Outro destaque é Machado de Assis, considerado um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, autor de obras como “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”.
No início do século XX, a literatura brasileira passou por uma série de transformações com o surgimento do Modernismo. Esse movimento rompeu com as convenções estéticas e buscou uma renovação da expressão literária. Destacam-se nomes como Mário de Andrade, autor de “Macunaíma”, considerada uma das obras mais importantes do período, e Carlos Drummond de Andrade, poeta influente e autor de “Sentimento do Mundo” e “A Rosa do Povo”.
Na segunda metade do século XX, surgiram novas vozes e tendências na literatura brasileira. Entre os autores do período destacam-se, principalmente, Clarice Lispector, cuja obra introspectiva e linguagem poética cativou leitores e críticos, e João Guimarães Rosa, autor de “Grande Sertão: Veredas”, considerada uma das obras mais complexas e inovadoras da literatura brasileira.
Além dos nomes já mencionados, o cânone literário brasileiro também inclui diversos outros escritores que têm contribuído para a diversidade e riqueza da literatura do país.
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