De acordo com pesquisas recentes, a renda familiar não está acompanhando o aumento do custo de vida geral, pois os consumidores pagam mais por tudo, desde mantimentos até gasolina, gerando endividamento das famílias brasileiras.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta quarta-feira (8), a parcela de famílias com dívidas, de baixa e alta renda, se manteve em 78% na passagem de dezembro de 2022 para janeiro deste ano.
Sobre a pesquisa
Entre as famílias que ganham mais de dez salários mínimos, 74,4% dos entrevistados estavam endividados em janeiro, ante 71,2% em janeiro de 2022, conforme dados da pesquisa.
No entanto, para as famílias com renda igual ou inferior a três salários mínimos, o índice de endividamento atingiu 79,2% em janeiro, ante 76,5% um ano antes. Vale ressaltar que, o aumento do endividamento das famílias mais pobres se deve aos efeitos da pandemia que levaram ao fechamento de empresas e aumento do desemprego, bem como aos efeitos pós-pandemia, como inflação mais alta, levando à necessidade primária de crédito para sustentar o consumo.
Além disso, a pesquisa mostrou que 11,6% do total das famílias brasileiras chegaram em janeiro sem ter condições de pagar as dívidas vencidas dos meses anteriores. É importante destacar que esse indicador apresentou crescimento em todas as faixas de renda, sendo mais e expressivo entre as famílias que recebem até 3 salários mínimos ou menos, representando 17,4% dos entrevistados.
Por fim, o percentual de consumidores com mais de 90 dias de atraso em suas dívidas chegou a 44,5% de inadimplentes, o maior percentual de endividamento desde abril de 2020.
Dívidas em atraso
Em janeiro, 38,7% das famílias com renda de 3 salários mínimos ou menos tinham pagamentos de dívidas em atraso (5,7 pontos percentuais a mais do que em janeiro de 2022), segundo o Peic. O endividamento das famílias mais pobres elevaram o indicador geral de inadimplência, que ficou em 29,9% em janeiro.
Outras faixas, no entanto, apresentaram taxas de inadimplência bem menores:
27,2% entre os que ganham de 3 a 5 salários mínimos;
20,4% dos que ganham de 5 a 10 salários;
13,5% dos que ganham mais de 10 salários mínimos.
Posicionamento da CNC
Em nota, o CNC destacou que, em relação a janeiro de 2022, a proporção endividamento das famílias aumentou ainda mais nos dois extremos sociais considerados pelo Peic: 2,7 pontos percentuais nas famílias com até 3 salários mínimos e aumento de 3,2 pontos percentuais nas famílias que ganham acima de 10 salários mínimos.
Ainda assim, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo disse que, embora o indicador de dívida em atraso permaneça elevado, ele caiu após seis altas consecutivas, sugerindo que os consumidores lutam para pagar em dia, em meio às altas taxas de juros.
A entidade sindical argumentou que as condições econômicas gerais, incluindo desempenho positivo do mercado de trabalho, políticas de transferência de renda e inflação mais benigna, foram fatores que explicaram a redução do endividamento nos últimos meses.