Os brasileiros costumam recorrer a empréstimo quando a situação financeira fica apertada. A busca por dinheiro extra é motivada por várias razões, como pagamento de conta atrasada, compra de algum produto ou contratação de serviços.
Seja qual for o motivo, os cidadãos recorrem à grana extra como uma opção rápida e fácil para os problemas financeiros que por vezes surgem. Neste sentido, as instituições financeiras digitais estão ganhando cada vez mais espaço entre essas pessoas.
De acordo com a última edição do Índice de Empréstimo FinanZero (IFE), realizada em março, 67% dos brasileiros pretendem recorrer a empréstimos online. Por outro lado, 38% dos entrevistados afirmaram que preferem ir a alguma agência física.
Essa diferença de 29 pontos percentuais entre as duas modalidade é a mais elevada desde julho de 2022, ou seja, em oito meses. A propósito, 68% dos entrevistados revelaram o desejo de recorrer ao crédito online em julho do ano passado.
Por sua vez, 38% preferiam buscar os bancos físicos tradicionais para recorrer a algum serviço. Cabe salientar que essa edição do IFE ouviu 500 pessoas conectadas à internet entre os dias 1º e 8 de março.
As entrevistas foram feitas com brasileiros de todas as regiões do país, faixas etárias e classes sociais.
Bancarização digital e praticidade
O resultado do indicador aconteceu por duas principais razões, segundo o diretor operacional da correspondente bancária FinanZero, Rodrigo Cezaretto. A primeira delas se refere à bancarização digital, que cresceu durante a pandemia da covid-19.
Em resumo, a crise sanitária provocou uma forte redução nos serviços prestados de maneira presencial. Para driblar esse cenário, muitas pessoas passaram a buscar serviços online, e os empréstimos através de agências digitais cresceu no Brasil.
O segundo fator para essa realidade, citado por Cezaretto, é a praticidade que as pessoas encontram ao escolher instituições online. Isso porque, essas organizações são menos burocráticas e buscam facilitar a vida das pessoas que recorrem a empréstimo.
Aliás, o diretor operacional ressaltou que a percepção dos brasileiros continua muito negativa em relação às agências físicas. Em suma, o principal problema permanece sendo a burocratização dos serviços.
“Muitas pesquisas já trouxeram relatos de experiências desafiadoras em bancos, como a demora no atendimento ou mesmo a impossibilidade de resolver questões simples“, disse Cezaretto.
Ele ainda citou o Pix como uma ferramenta muito positiva no pensamento da população sobre os serviços financeiros digitais. Como o meio de pagamento se popularizou rapidamente no país, a desconfiança de muitas pessoas diminuiu significativamente.
“Sem contar que, de uns anos para cá, diminuiu muito a desconfiança que as pessoas tinham em gerir suas finanças pela Internet. Com o PIX, principalmente, isso se tornou parte do cotidiano do país“, explicou o diretor.
Dívidas são o principal motivo para empréstimo
Milhões de brasileiros estão endividados no país. As taxas de endividamento e inadimplência cresceram fortemente nos últimos anos no Brasil, e a situação continua muito crítica em 2023.
Desde a chegada da pandemia da covid-19, e todos os impactos provocados por ela, a população brasileira viu as suas dívidas crescerem.
Isso aconteceu por causa de uma junção de fatores, como redução da jornada de trabalho ou mesmo perda do emprego, diminuição da renda mensal e aumento da inflação no país.
Esses fatores impulsionaram a busca por empréstimos no Brasil. Aliás, 42,5% das pessoas entrevistadas revelaram que as dívidas foram o principal motivo para recorrer ao dinheiro extra.
Em seguida ficaram a busca por impulsionar o negócio próprio através dos empréstimos (24%), os investimentos pessoais (22%) e a reforma doméstica (16,6%).
“A tendência é que esse ano seja dedicado a quitar despesas atrasadas – nem que para isso as pessoas recorram a novas dívidas. Por isso a demanda futura aponta para uma alta“, explicou Cezarreto.
Dívidas atingem 78% da população brasileira
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), 78,3% das famílias do país sofreram com dívidas e contas atrasadas em abril deste ano. O patamar tem se mantido elevado nos últimos meses, dificultando a vida de milhões de pessoas no país.
Por sua vez, a inadimplência atingiu 29,1% das famílias do Brasil. Em suma, a pessoa inadimplente é aquela que possui dívidas ou contas em atraso.
Inclusive, há alguns fatores que propiciam o aumento da inadimplência entre os consumidores, como manter mais de um cartão de crédito e não se atentar à própria saúde financeira e às datas de pagamento das contas.
Por isso, é muito importante que os brasileiros façam um controle dos gastos para não precisarem recorrer a empréstimos.
Embora essa seja uma maneira rápida de ganhar dinheiro extra, vale ressaltar que o valor é apenas emprestado, já que a pessoa terá que pagá-lo de volta, e com juros.