Conforme Relatório de Inflação divulgado recentemente (março de 2022) pelo Banco Central do Brasil (BCB), a empregabilidade aponta recuperação, ainda que gradual.
Empregabilidade: a evolução recente do mercado de trabalho formal
A tendência de acomodação do emprego formal é observada nos dados da PNAD Contínua na passagem do terceiro para o quarto trimestre do ano passado. Uma análise complementar da evolução recente do mercado de trabalho formal a partir de indicadores alternativos, vários deles mencionados em edições anteriores do RI, destaca o Banco Central do Brasil (BCB).
O rendimento médio real (seja o efetivo ou o habitual), medido pela PNAD Contínua, segue abaixo do registrado no período anterior à crise sanitária e apresentou queda ao longo do segundo semestre do ano passado, período caracterizado por inflação elevada e surpresas inflacionárias, parcialmente associadas a choques de oferta.
A mudança na composição da população ocupada
De acordo com o Banco Central do Brasil (BCB), a mudança na composição da população ocupada, com continuidade do aumento do emprego nas ocupações de menor rendimento relativo, após movimento em direção oposta em 2020, também explica parte dessa trajetória.
Todavia, mesmo a série de rendimento real mantida a composição da população ocupada entre as atividades econômicas anterior à pandemia mostra recuo ao longo do segundo semestre e ante período equivalente do ano anterior.
As Convenções Coletivas de Trabalho (CCT)
No caso dos trabalhadores do mercado privado formal, as convenções coletivas de trabalho (CCT) também sinalizam recuo do salário real nesse período, embora em magnitude menor do que a indicada pelos dados da PNAD Contínua.
Conforme documento do Banco Central do Brasil (BCB), nesse contexto de recuperação da população ocupada em direção aos níveis do final de 2019 e recuo acentuado do rendimento real, a massa de rendimento do trabalho continua em nível deprimido, cerca de 10% abaixo do nível pré-pandemia, e recuou ao longo do segundo semestre, segundo dados da PNAD Contínua.
Renda Nacional Disponível Bruta das Famílias (RNDBF)
Como a renda do trabalho é o principal componente da renda das famílias, observa-se recuo também na estimativa mensal da Renda Nacional Disponível Bruta das Famílias (RNDBF).
Adicionalmente, informa o Banco Central do Brasil (BCB), essa medida de renda é influenciada pela diminuição das transferências extraordinárias dos governos às famílias entre 2020 e 2021 e por mudanças nos calendários de pagamentos de transferências de renda como o 13º salário a aposentados e pensionistas do Regime Geral de Previdência Social (antecipado para o primeiro semestre de 2021) e o abono salarial (postergado para 2022).
Tais mudanças em componentes da RNDBF que tinham sazonalidade marcante magnificam a queda dessa variável nos últimos meses de 2021, informa o Banco Central do Brasil (BCB) em documento oficial divulgado em março de 2022.