A semana não vem sendo fácil para os trabalhadores da enfermagem no Brasil. No último domingo (4), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, suspendeu a lei que cria um piso salarial para a enfermagem. No início desta semana, o deputado federal André Janones (Avante-MG), aproveitou o momento para compartilhar uma fake news.
Segundo o parlamentar, o partido de Bolsonaro, o PL, poderia estar por trás da suspensão. “ATENÇÃO URGENTE: Partido de Bolsonaro estaria por trás do pedido pra suspender a lei que aprovamos no congresso, garantindo o piso salarial da enfermagem. Se for confirmado é grave, muito grave!”, postou o congressista em suas redes sociais.
Não é verdade. De acordo com as informações oficiais, o PL não é o responsável pelo pedido de suspensão do piso nacional de enfermagem. Na verdade, o órgão que fez a solicitação ao STF foi a Confederação Nacional de Saúde. Trata-se de uma organização que representa estabelecimentos de saúde no Brasil.
Logo depois da postagem, o deputado federal indicou que sabia que a informação era uma fake news, mas que precisava usá-la. Ele ainda pediu para que as pessoas compartilhassem a informação falsa. “Mamadeira se combate com outra mamadeira! Printem isso e viralizem pelo zap! Vou fazer live também. Façam chegar em todo o Brasil”, disse ele.
O termo mamadeira ficou famoso nas eleições de 2018. Trata-se de uma fake news propagada por eleitores da direita para se referir aos governos do PT. Janones, portanto, defende que os aliados do ex-presidente Lula também usem informações falsas para rivalizar com os seus adversários políticos.
O piso da enfermagem
A notícia verdadeira é que o piso nacional da enfermagem é um projeto do senador Fabiano Contarato (PT-RS). Depois de alguns anos travado no Congresso Nacional, o documento foi aprovado em um período mais próximo das eleições.
Também é verdade que o texto foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro no último mês de agosto. Informações de bastidores davam conta de que uma ala do Governo não queria que ele assinasse, mas o fato é que ele assinou.
Logo depois de todo este trâmite, o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, decidiu suspender o piso. Ele aceitou o argumento de que o aumento para os trabalhadores poderia fazer com que o sistema de saúde entrasse em colapso.
Reunião
Informações de bastidores da emissora GloboNews apontam que Barroso tem um encontro marcado nesta terça-feira (6), com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Eles devem discutir uma maneira de resolver toda a problemática.
“O piso salarial nacional dos profissionais da enfermagem, criado no Congresso Nacional, é uma medida justa destinada a um grupo de profissionais que se notabilizaram na pandemia e que têm suas remunerações absurdamente subestimadas no Brasil”, disse o presidente do Senado algumas horas depois da divulgação da decisão de Barroso.
“Não tenho dúvidas de que o real desejo dos Três Poderes da República é fazer valer a lei federal e, ao mesmo tempo, preservar o equilíbrio financeiro do sistema de saúde e entes federados. Com diálogo, respeito e inteligência, daremos rápida solução”, completou ele, usando um tom mais brando com os ministros do STF.