Dólar volta a subir em dia de agenda econômica fraca; Veja cotação
Após iniciar a semana em queda, refletindo o otimismo dos investidores, o dólar voltou a subir no Brasil. Nesta terça-feira (21), o mercado seguiu atento aos Estados Unidos, repercutindo a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano.
Na sessão de hoje, o dólar subiu 0,95% e encerrou o dia cotado a R$ 4,8980. Na véspera, a moeda havia caído 1,11%, para R$ 4,817, menor cotação em três meses e meio. Contudo, o novo avanço eliminou quase toda a queda acumulada na semana, que agora está em -0,17%.
Em novembro, o dólar segue registrando uma queda firme de 2,83%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%), setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses culminou na queda em novembro, ao menos até agora.
Já no acumulado de 2023, a divisa tem um recuo ainda mais intenso, de 7,20% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Mercado repercute divulgação da ata do Federal Reserve
No início de novembro, o Federal Reserve se reuniu para definir os rumos da política monetária dos EUA. A entidade optou por manter a taxa de referência dos juros inalterada no país, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano.
A decisão veio em linha com as estimativas do mercado, e os analistas acreditam que o Fed manterá os juros estáveis até meados de 2024, quando começará a reduzir a taxa no país. Aliás, a divulgação da ata da última reunião mostrou que o Fed poderá ter uma abordagem mais cautelosa em relação aos juros nos EUA.
De acordo com o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Fed, que divulgou a ata, as autoridades reforçaram que poderão aumentar os juros no país. Entretanto, isso só deverá acontecer caso os dados econômicos demonstrem que a taxa de juros não está limitando suficiente a inflação norte-americana.
Juros nos EUA está no maior nível em mais de 20 anos
A saber, a taxa de juros nos EUA está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Mesmo que o Fed venha mantendo a taxa estável nos últimos encontros, isso não é totalmente positivo para a população, já que o patamar continua muito alto, afetando a economia do país.
Na semana passada, os mercados repercutiram a divulgação da inflação de outubro nos EUA. A taxa ficou nula e isso surpreendeu o mercado, que projetava uma alta de 0,1% da taxa no mês. Inclusive, uma inflação mais fraca tende a limitar a alta dos juros no país, já que o indicador caiu em meio à manutenção da taxa.
Em suma, a inflação é um dado muito importante, pois tem o poder de influenciar o rumo da política monetária nos EUA. Quanto mais elevada está a inflação, maiores são os riscos de o Federal Reserve elevar os juros no país, algo que os investidores não desejam.
Na verdade, os especialistas entendem que o Fed está bastante dependente dos dados para tomar qualquer decisão. Portanto, os dados mais fracos da inflação animaram os investidores na semana passada, deixando o dólar de lado.
Cabe salientar que os bancos centrais elevam os juros para conter a inflação nos países. Quanto mais alta a taxa de juros estiver, mais elevados ficam os juros no geral, como o imobiliário e o bancário. Isso acontece para que o poder de compra do consumidor fique reduzido e, assim, haja um enfraquecimento na demanda por produtos e serviços.
Em síntese, quanto menor a demanda, menores tendem a ser as variações nos preços. Aliás, os bancos centrais elevam os juros, pois estas entidades devem agir para atingir a meta da inflação estabelecida em cada ano para os países. Esse é o caso do Federal Reserve, nos Estados Unidos, e do Banco Central, no Brasil.
Mercado doméstico também influencia dólar
Nesta terça-feira (21), os investidores também ficaram atentos ao cenário doméstico. Em resumo, o mercado segue analisando as pautas econômicas do governo federal no Congresso Nacional.
O foco do dia estava na votação de propostas que regulamentam e tributam o mercado de apostas esportivas e cassinos online. Contudo, a votação foi adiada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, pois as lideranças da oposição não aceitaram o tema.
Ambas as propostas fazem parte das medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a arrecadação federal em 2024. Como a meta do governo segue no déficit zero das contas públicas, ela só poderá ser alcançada se houve maior arrecadação para os cofres públicos.