Após duas quedas consecutivas, o dólar subiu pela primeira vez nesta semana. Os conflitos entre Israel e Hamas pesaram o suficiente para aumentar o pessimismo entre os investidores e impulsionar a moeda americana.
Na sessão desta quarta-feira (18), o dólar teve alta de 0,37% e encerrou o dia cotado a R$ 5,0539. Apesar do resultado, a moeda ainda acumula queda na semana, de 0,68%. Já a variação acumulada em outubro é bem diferente, já que a divisa está subindo 0,54% no mês.
Este resultado sucede as altas de agosto (4,68%) e setembro (1,55%) e mostra que o dólar segue em alta pelo terceiro mês consecutivo. A variação em outubro poderá subir ainda mais, caso os conflitos no Oriente Médio se intensifiquem.
Por outro lado, o resultado no acumulado de 2023 continua positivo para o real brasileiro, uma vez que o dólar acumula queda de 4,25% no ano. Aliás, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Conflitos no Oriente Médio fortalecem o dólar
No último dia 7 de outubro, o grupo extremista islâmico Hamas atacou Israel, que contra-atacou em seguida. Desde então, ambos os lados vêm se atacando, e a guerra chegou ao 12º dia nesta quarta-feira (18), com as tensões mais elevadas do que nunca.
Na véspera (17), uma ataque a um hospital no sul da Faixa de Gaza causou a morte de centenas de pessoas, incluindo crianças. O ataque foi condenado por diversos países porque ataques a hospitais são considerados crimes de guerra. Israel negou a autoria do ataque e acusou a Jihad Islâmica, que também negou ter atacado o hospital.
Em meio a essa guerra de narrativas, as negociações diplomáticas estão cada vez mais difíceis. Aliás, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está no Oriente Médio para tentar encontrar soluções diplomáticas para a guerra, mas autoridades da Palestina, do Egito e da Jordânia cancelaram o encontro após o ataque ao hospital.
Todo o risco envolvendo os conflitos entre Israel e Hamas, que já provocaram a morte de mais de 4 mil pessoas, causa temor aos investidores, que buscam ativos mais seguros, principalmente os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, chamados de treasuries, e isso beneficia o dólar.
Quais os riscos da escalada da guerra?
No mercado de câmbio, alguns fatores preocupam os investidores de todo o planeta. As principais preocupações do mercado são:
- A participação de potências nucleares nos conflitos, como Estados Unidos, Irã e Rússia;
- A retaliação da Liga Árabe devido ao apoio do Ocidente à Israel, reduzindo a oferta de petróleo;
- A pressão aos juros, caso o petróleo e o câmbio disparem.
Esse cenário caótico já provocou o encarecimento do petróleo nos últimos dias. Nesta quarta-feira (18), o barril do petróleo Brent, que é referência global, subiu mais de 2%, para US$ 93. Como esta é uma das principais commodities do mundo, o aumento do seu preço pode pressionar a inflação global.
Além disso, o Irã pediu a imposição de um embargo petrolífero a Israel. Em suma, os países mulçumanos e autoridades árabes vêm condenando a atuação de Israel, apesar de o país receber apoio do Ocidente.
Até a véspera (17), os investidores não acreditavam que o conflito iria evoluir de maneira a impactar a taxa inflacionária mundial. Na verdade, muitos afirmam que os conflitos se tratam de um problema humanitário, e não mais que isso. Entretanto, a escalada da guerra está preocupando cada vez mais.
Juros não devem subir nos EUA
Na semana passada, o vice-diretor do Fed afirmou que a entidade não deverá elevar a taxa de juros nos EUA. Em suma, o Fed elevou recorrentemente os juros para segurar a inflação no país dois últimos anos. Isso aconteceu porque a taxa inflacionária chegou ao maior patamar em quase 40 anos.
Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Aliás, na última reunião do Fed, realizada em setembro, a entidade optou por manter os juros estáveis nos EUA. Contudo, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais.
Nesta semana, dados econômicos mais fortes dos EUA preocuparam o mercado, pois podem indicar pressão na inflação do país. Como o principal objetivo dos juros é controlar a taxa inflacionária, o risco de aceleração da inflação pode pressionar o Fed a manter os juros elevados, ou até mesmo a aumentá-los, nos próximos meses.
Esse risco faz os investidores retiraram ativos das Bolsas de Valores em todo o mundo, buscando ativos mais seguros, principalmente os dos Estados Unidos. Isso acontece porque os juros mais altos aumentam a atratividade da renda fixa norte-americana, da qual os treasuries fazem parte, e sua valorização ajuda a impulsionar o dólar, assim como ocorreu hoje.