O dólar fechou o segundo mês consecutivo em alta. Após subir 4,68% em agosto, a moeda norte-americana reverteu as perdas acumuladas em setembro e encerrou o mês em alta de 1,55%.
Ambos os resultados foram influenciados, principalmente, pelo cenário internacional. Em resumo, as preocupações vindas dos Estados Unidos e da China fizeram os investidores pisarem no freio em suas buscas por ativos de risco.
Com isso, o dólar fechou setembro cotado a R$ 5,0267. Esse é o maior patamar de fechamento de um mês desde maio, quando a moeda americana encerrou o mês cotada a R$ 5,0731.
Embora tenha avançado pelo segundo mês seguido, o dólar continua em campo negativo no acumulado de 2023. A saber, a divisa tem uma queda de 4,76% no ano.
Essa perda chegou 11% em julho, mas a divisa subiu nos últimos meses e eliminou boa parte da queda acumulada em 2023.
Inflação e PIB nos EUA
Até a semana passada, o dólar vinha registrando queda em setembro. Contudo, a moeda reverteu esse movimento e subiu nos três primeiros pregões desta semana, passando para o campo positivo e conseguindo fechar o mês em alta.
Na semana, o que mais repercutiu entre os investidores foram os dados vindos dos EUA. O governo norte-americano divulgou informações sobre o Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação no país.
Em suma, o PIB dos EUA cresceu 2,1% no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2022. O resultado veio abaixo das projeções de analistas, que acreditavam em um avanço de 2,4% no período.
O crescimento mais fraco que o esperado liga o sinal de alerta no mercado, uma vez que os EUA são a maior economia do planeta.
Por sua vez, o Núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE) nos EUA subiu 0,1% em agosto, na comparação com julho. O resultado foi menor que o esperado pelo mercado, que projetava uma alta de 0,2%.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, analisa o PCE para tomar suas decisões sobre os juros no país. Por isso, a inflação mais fraca que o projetado é uma indicação para que a entidade não eleve os juros no país.
Juros nos EUA afetam cotação do dólar
Cabe salientar que, na semana passada, o Fed manteve estável a taxa de juros no país, o que já era esperado pelo mercado. No entanto, a decisão não foi unânime, pois alguns diretores do Comitê de Política Monetária do Fed votaram a favor de uma elevação de 0,25 ponto percentual dos juros.
Apesar de o Fed não ter elevado os juros no país, a taxa está no maior patamar em mais de 20 anos nos EUA. Em outras palavras, os consumidores estão com o poder de compra em um nível muito baixo, visto que os juros altos elevam o custo de vida no país.
De acordo com o Fed, a entidade decidiu aguardar mais um pouco para analisar os próximos dados relacionados à atividade econômica dos EUA, bem como o desempenho de outros indicadores, como taxa de desemprego e inflação. Aliás, o banco não descartou a possibilidade de aumentar os juros ainda em 2023.
Caso isso ocorra, a decisão deverá afeta diretamente a cotação do dólar. Em síntese, quanto mais altos os juros estiverem, maior o rendimento dos títulos norte-americanos. Inclusive, nesta semana, os papeis atingiram o maior valor dos últimos 15 anos.
Isso aconteceu porque os títulos rendem mais e, assim, atraem capital de investidores, fortalecendo o dólar. Por isso que a divisa subiu em setembro, e poderá avançar novamente em outubro.
Investidores estão atentos ao Brasil
No âmbito doméstico, os investidores ficaram atentos a vários acontecimentos no Brasil. Também na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic.
A decisão repercute entre os investidores, uma vez que os juros também afetam a rentabilidade dos títulos nacionais. Contudo, o Brasil não possui uma saúde fiscal tão forte quanto a dos EUA, ou seja, o país enfrenta bem mais desafios para conseguir atrair capital.
Na sexta-feira (29), o Banco Central (BC) informou que o país registrou um rombo de R$ 79 bilhões entre janeiro e agosto deste ano. Isso aconteceu, principalmente, por causa do aumento das despesas autorizadas através da PEC da transição, aprovada no fim do ano passado.
Em resumo, o texto da PEC autorizou ao governo gastar R$ 168,9 bilhões a mais em 2023, valor que se dirigiu em sua maior parte aos pagamentos dos benefícios sociais.
Por fim, o Governo Federal tenta zerar o déficit até 2024, mas isso só será possível com o aumento da arrecadação federal, através de impostos, e com a redução dos gastos públicos. Como a meta é muito ousada, poucos analistas acreditam que será possível.