O dólar subiu pela segunda vez consecutiva, pressionado novamente pelo exterior. Assim como ocorreu na véspera (8), os investidores ficaram de olho nos Estados Unidos, preocupados com a taxa de juros no país.
Nesta quinta-feira (9), o dólar subiu 0,69% e fechou o dia cotado a R$ 4,9409. Com isso, a moeda americana passou a acumular alta de 0,65% na semana. Contudo, em novembro, a divisa segue em campo negativo, acumulando queda de 2,26%.
O resultado sucede as altas de agosto (4,68%), setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses está culminando em uma forte queda em novembro, ao menos até agora.
Já no acumulado de 2023, a divisa tem um recuo ainda mais intenso, de 6,65% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Investidores seguiram de olho nos EUA
Na sessão de hoje (9), os investidores ficaram de olho nos EUA. Em suma, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, participou de uma conferência de pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI), assim como o fez na véspera. Contudo, dessa vez, Powell falou sobre a política monetária dos Estados Unidos. A propósito, o Fed é o banco central norte-americano.
Na tarde desta quinta-feira, Powell disse que os dirigentes do Fed “não estão confiantes” em relação ao nível da taxa de juros. Alguns deles acreditam que os juros não estão em nível elevado o suficiente para conter a inflação no país.
De acordo com Powell, o Federal Reserve “está comprometido em alcançar uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para reduzir a inflação para 2% ao longo do tempo“. “Não estamos confiantes de que alcançamos essa postura“, acrescentou.
Esses comentários preocuparam os investidores, que passaram a buscar mais intensamente o dólar nesta quinta-feira (9). Por isso que a moeda americana subiu novamente, pressionada pelo exterior. Até porque Powell afirmou que, “se for apropriado apertar ainda mais a política monetária, não hesitaremos em fazê-lo“.
Juros elevados nos EUA beneficiam treasuries
Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Na última reunião do Fed, a entidade optou por manter os juros estáveis nos EUA. Entretanto, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais, algo que os investidores não acreditam que irá acontecer.
A saber, o principal objetivo dos juros elevados é reduzir o poder de compra do consumidor para desaquecer a demanda e, assim, esfriar a economia. Dessa forma, a inflação perde força, já que a demanda se retrai.
O problema é que isso afeta toda a população, e os investidores torcem pelo crescimento econômico dos países, ainda mais porque os EUA são a maior economia do mundo.
Do ponto de vista econômico, o aumento dos juros acaba atraindo os investidores, pois eleva a atratividade da renda fixa. Muitos buscam os títulos do Tesouro americano, chamados de treasuries, que são considerados os ativos mais seguros do mundo.
Com isso, muitos investidores acabam retirando os seus recursos de países menos seguros, como o Brasil, e alocando nos Estados Unidos. Aliás, os treasuries só podem ser comprados em dólar, ou seja, os interessados nos títulos do tesouro americano precisam se adquirir a moeda americana para comprar os títulos.
Mercado repercute aprovação da reforma tributária
Nesta quinta-feira (9), o principal fato no âmbito doméstico foi a aprovação da reforma tributária no Senado Federal. O texto voltou para a Câmara dos Deputados, onde já havia sido aprovado, devido às alterações feitas pelos senadores. Agora, os deputados irão votar novamente o texto, analisando as novas mudanças.
Vale destacar que ainda não há data marcada para votação do texto. Contudo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) disse ao blog da Andréia Sadi que irá colocar o texto da reforma tributária para votação ” assim que chegar” na Câmara dos Deputados.
Os investidores repercutiram o avanço do projeto da reforma tributária, mas o que prevaleceu na sessão foi a incerteza vinda dos EUA, que fortaleceu o dólar pela segunda sessão consecutiva, reduzindo as perdas acumuladas em novembro.