O dólar subiu pelo terceiro pregão seguido, refletindo as preocupações atuais que pairam sobre o Brasil. A questão fiscal ainda é uma grande incerteza para os investidores, e isso vem motivando as recentes altas da moeda norte-americana.
Na sessão desta quinta-feira (23), o dólar subiu 0,11% e fechou o dia cotado a R$ 4,9068. Embora esse tenha sido o terceiro avanço consecutivo, a moeda acumula apenas uma leve alta de 0,01% na semana, taxa próxima à estabilidade.
Já em novembro, o dólar continua registrando um recuo firme de 2,65%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%), setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses culminou na queda em novembro, ao menos até agora.
Por sua vez, no acumulado de 2023, a divisa tem uma queda ainda mais intensa, de 7,03%. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho. Entretanto, as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Feriado nos Estados Unidos esvazia agenda
Nesta quinta-feira (23), os norte-americanos comemoraram o feriado de Dia de Ação de Graças, que acontece um dia antes da Black Friday no mundo inteiro. Em resumo, o feriado é marcado pelo agradecimento a Deus e pela reunião das famílias para recordar as coisas boas concedidas por Deus ao longo do ano.
Com a ausência de notícias vindas dos Estados Unidos e a redução de liquidez no pregão, os investidores ficaram mais atentos à China, repercutindo a disposição do governo de conter os avanços nos preços do minério de ferro. Isso acontecerá porque o preço elevado do minério prejudica os investimentos em infraestrutura na China.
Por sua vez, o Índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro subiu para 47,1 em novembro. Em suma, o indicador reúne dados do setor industrial e de serviços e o resultado neste mês veio acima do esperado. Contudo, vale destacar que o índice continua abaixo de 50 pontos, faixa que separa crescimento de contração.
Governo aumenta projeção de rombo das contas públicas
Na tarde da quarta-feira (22), os ministérios da Fazenda e do Planejamento informaram que a projeção de rombo das contas públicas em 2023 ficou mais elevada. A notícia repercutiu no final do pregão de ontem e continuou no foco dos investidores nesta quinta-feira (23).
Em síntese, as pastas agora acreditam que o déficit primário ficará em R$ 177,4 bilhões neste ano. O último prognóstico indicava um rombo bem menor, de R$ 141,4 bilhões, ou seja, a situação fiscal do Brasil se deteriorou nos últimos meses deste ano.
Vale destacar que a nova previsão se distancia ainda mais da “meta informal” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A saber, ele disse em janeiro que as contas públicas teriam déficit de R$ 100 bilhões em 2023, mas as estimativas superam essa marca há muito tempo, e o rombo ficou ainda maior, conforme as projeções do governo.
Meta de déficit zero em 2024
Em meio ao aumento das projeções de rombo das contas públicas em 2023, o governo federal segue projetando um déficit zero em 2024. Na semana passada, o governo revelou que desistiu de alterar a meta fiscal para 2024. Em suma, o governo segue com o objetivo de zerar o déficit das contas públicas no ano que vem, apesar da dificuldade em atingir esse objetivo.
De todo modo, a decisão dá maior tempo para o ministro Fernando Haddad tentar conseguir a tramitação no Congresso Nacional de algumas medidas que aumentem a arrecadação federal. Aliás, o governo também planeja cortar gastos para reduzir o rombo das contas em 2024.
Além disso, a meta fiscal de 2024 prevê que o governo federal gaste apenas o que arrecadar e o que possuir em caixa. Em outras palavras, o Executivo não irá aumentar a dívida pública com gastos e investimentos, uma vez que irá gastar apenas o que tiver.
No entanto, nesta quarta-feira (22), surgiram informações de que o senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso Nacional, propôs uma emenda ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, e isso preocupou os analistas.
A saber, o senador quer evitar um corte de até R$ 30 bilhões em despesas no próximo ano com essa emenda. O valor foi alcançado através de projeções de especialistas e consultores de Orçamento.