O dólar iniciou a semana em forte queda, refletindo o otimismo dos exterior, com os investidores buscando ativos de risco. O dia também ficou marcado pela divulgação das novas projeções de analistas em relação a indicadores econômicos do Brasil.
Nesta segunda-feira (16), a moeda norte-americana caiu 1,02% e fechou o dia cotada a R$ 5,0367. A saber, esse é o menor patamar desde o dia 29 de setembro (R$ 5,0267), ou seja, em mais de duas semanas.
Embora o dólar tenha caído, a divisa ainda acumula um avanço de 0,20% em outubro. Esse resultado sucede as altas de agosto (4,68%) e setembro (1,55%) e mostra que a divisa está subindo pelo terceiro mês consecutivo, refletindo ainda o pessimismo entre os investidores, mesmo com a queda no dia.
Por outro lado, o resultado no acumulado de 2023 continua positivo para o real brasileiro, uma vez que o dólar acumula queda de 4,57% no ano. Aliás, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Investidores repercutem projeções de analistas
No pregão de hoje (16), os investidores repercutiram as novas projeções de analistas do mercado financeiro em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em suma, os analistas projetaram pela primeira vez a taxa inflacionária dentro da meta estabelecida para 2023.
De acordo com o boletim Focus, as estimativas apontaram para uma inflação de 4,75%, percentual limite para cumprir a meta neste ano. Para 2023, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Essa estimativa mais otimista aconteceu porque, em setembro, a inflação subiu 0,26% no Brasil, abaixo do esperado pelo mercado. Embora a taxa tenha acelerado em relação a agosto (0,23%), o que repercutiu foi o dado vir mais fraco que o esperado por analistas (0,33%). A propósito, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é considerado a inflação oficial do país.
Por que inflação mais fraca enfraquece o dólar?
Em resumo, quando a inflação vem mais fraco que o esperado, o dólar tende a perder força. Isso acontece porque o Banco Central (BC) eleva os juros para controlar a taxa inflacionária. Quando a inflação não sobe tanto, não há necessidade de elevação dos juros.
Por falar nisso, o BC reduziu em 1,0 ponto percentual a taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic, entre agosto e setembro. A expectativa é que haja mais um corte de 1,0 ponto percentual até o final do ano.
Essas reduções só foram possíveis devido à desaceleração da inflação no Brasil, e isso é positivo para a população e para o mercado de câmbio. Em síntese, quando a taxa Selic sobe, puxa consigo os juros no país, como o imobiliário e o bancário, por exemplo. Dessa forma, o poder de compra do consumidor fica menor, já que o crédito fica mais caro no Brasil, e isso desaquece a economia do país.
Como os investidores procuram países seguros, quanto mais forte estiver a atividade econômica, mais atraente ele se torna. Por isso, quanto mais baixos estiverem os juros no país, mais fraca também estará a inflação, já que o seu avanço pressiona a alta dos juros. Tudo isso beneficia a economia e atrai mais capital para o Brasil, fortalecendo o real.
Juros não devem subir nos EUA
Nesta segunda-feira (16), os investidores também ficaram de olho nos Estados Unidos. Em suma, ainda existe temor em torno do aumento dos juros na maior economia global, apesar de o vice-diretor do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, ter afirmado na semana passada que a entidade não deverá elevar a taxa de juros nos EUA.
Nos dois últimos anos, o Fed elevou recorrentemente os juros para segurar a inflação no país, que chegou ao maior patamar em quase 40 anos. Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas anos, e havia risco de subir ainda mais até o final do ano.
Entretanto, na última reunião do Fed, realizada em setembro, a entidade optou por manter os juros estáveis nos EUA. Contudo, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais. Isso aumentou as preocupações entre os investidores, algo que fortalecia o dólar.
Conflitos em Israel
Por fim, o mundo segue acompanhando os conflitos entre Israel e o grupo extremista islâmico armado Hamas. Em resumo, quando há preocupações globais, como estes conflitos, os investidores tendem a buscar ativos mais seguros, principalmente os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, e isso beneficia o dólar.
Contudo, a moeda americana está perdendo força porque os conflitos no Oriente Médio ainda não representam um risco para a atividade econômica global, ao menos por enquanto. Para muitos analistas, a situação entre Israel e palestinos se refere à questão humanitária e não deverá ter forças para impactar a economia mundial.