O dólar caiu nesta terça-feira (14) para o menor nível em quase três meses. Os investidores repercutiram a divulgação dos dados inflacionário dos Estados Unidos, que vieram mais fracos que o esperado e animaram o mercado.
Na sessão de hoje (14), o dólar caiu 0,95% e encerrou o dia cotado a R$ 4,8614. Esse é o patamar mais baixo desde o dia 18 de setembro, quando a divisa fechou o pregão cotada a R$ 4,8556. Aliás, em novembro, a moeda americana vem se mantendo abaixo de R$ 5,00 em todas as sessões.
No penúltimo mês de 20223, o dólar acumula uma queda firme de 3,56%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%), setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses está culminando na queda em novembro, ao menos até agora.
Já no acumulado de 2023, a divisa tem um recuo ainda mais intenso, de 7,89%. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Inflação nula nos EUA derruba dólar
Nesta terça-feira (14), os mercados direcionaram a atenção aos Estados Unidos. Em suma, a inflação de outubro na maior economia do planeta ficou nula, resultado que surpreendeu o mercado, já que a expectativa era de alta de 0,1% no mês.
O resultado sucedeu o avanço de 0,4% registrado em setembro e repercutiu de maneira positiva no mercado de câmbio, enfraquecendo o dólar diante de outras divisas. Isso aconteceu porque inflação mais fraca que o esperado nos EUA tende a significar que os juros não vão subir no país, algo que os investidores temem que aconteça.
Na verdade, a inflação é um dado muito importante, pois tem o poder de influenciar o rumo da política monetária nos EUA. Quanto mais elevada está a inflação, maiores são os riscos de o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, elevar os juros no país, algo que os investidores não desejam.
Em suma, especialistas entendem que o Fed está bastante dependente dos dados para tomar qualquer decisão. Portanto, os dados mais fracos da inflação animaram os investidores, que buscaram ativos de risco, deixando o dólar de lado nesta terça-feira (14).
Juros nos EUA estão no maior nível em mais de 20 anos
No início de novembro, o Fed manteve a taxa de referência dos juros inalterada no país, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão veio em linha com as estimativas do mercado, mas os analistas não estão muito confiantes com a manutenção dos juros em dezembro, durante a última reunião do Fed em 2023.
Existe uma grande expectativa em relação a esse encontro, pois vários analistas estavam acreditando que o Fed elevará a taxa de juros no país. Com os dados da inflação em outubro, as expectativas de manutenção dos juros em dezembro se fortaleceram, e isso fez os investidores deixarem o dólar de lado.
Na semana passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que os dirigentes da entidade não estavam confiantes em relação ao nível atual da taxa de juros. Alguns deles acreditam que os juros não estão em patamar elevado o suficiente para conter a inflação no país.
De acordo com Powell, o Federal Reserve “está comprometido em alcançar uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para reduzir a inflação para 2% ao longo do tempo“. “Não estamos confiantes de que alcançamos essa postura“, acrescentou. Ele ainda disse que o Fed não hesitará em aumentar ainda mais os juros “se for apropriado“.
A propósito, a taxa de juros nos EUA está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Mesmo que o Fed venha mantendo a taxa estável, isso não é apenas positivo, já que o patamar continua muito alto, afetando a população e a economia do país.
Por que os bancos centrais elevam os juros?
A saber, os bancos centrais elevam os juros para conter a inflação nos países. Quanto mais alta a taxa de juros estiver, mais elevados ficam os juros no geral, como o imobiliário e o bancário. Isso acontece para que o poder de compra do consumidor fique reduzido e, assim, haja um enfraquecimento na demanda por produtos e serviços.
Em síntese, quanto menor a demanda, menores tendem a ser as variações nos preços. Aliás, os bancos centrais elevam os juros, pois estas entidades devem agir para atingir a meta da inflação estabelecida em cada ano para os países. Esse é o caso do Federal Reserve, nos Estados Unidos, e do Banco Central, no Brasil.
Setor de serviços encolhe em setembro no Brasil
No âmbito doméstico, o dado mais importante foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em resumo, o volume dos serviços caiu 0,3% em setembro, segundo recuo consecutivo.
Vale destacar que os serviços respondem por quase 70% do PIB brasileiro. Além disso, o setor é considerado o maior empregador do país, segundo o IBGE. Isso quer dizer que, quanto mais o setor crescer, mais a economia brasileira vai avançar.