Após iniciar a semana em leve alta, o dólar voltou a cair nesta terça-feira (28), com investidores repercutindo a divulgação de dados econômicos do Brasil. O mercado também ficou de olho no Estados Unidos e na possível sinalização de encerramento do ciclo de alta dos juros no país.
Na sessão de hoje (28), o dólar caiu 0,56% e encerrou o dia cotado a R$ 4,8719. O recuo foi provocado, principalmente, pela boas notícias vindas do exterior, já que a prévia da inflação subiu mais que o esperado no Brasil. Com isso, a moeda americana reverteu o saldo na semana, que estava positivo, e agora acumula queda de 0,54% no período.
Em novembro, o dólar acumula uma queda firme de 3,35%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%), setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses culminou na queda em novembro, ao menos até agora.
Já no acumulado de 2023, a divisa tem um recuo ainda mais intenso, de 7,69% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses. Assim reduziu boa parte das perdas acumuladas nos meses anteriores.
Prévia da inflação no Brasil acelera
Nesta terça-feira (28), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,33% em novembro, taxa superior a de outubro (0,21%). A saber, o IPCA-15 e considerado a prévia da inflação do Brasil.
O dado não foi muito positivo, já que os investidores torcem pela desaceleração da inflação no país. Em resumo, o avanço da taxa inflacionária pode pressionar o Banco Central (BC) a reduzir os cortes. Aliás, a taxa inflacionária veio mais forte que o esperado pelo mercado (0,30%), causando certa apreensão entre os investidores.
De todo modo, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduza em meio ponto percentual a taxa de juros em dezembro, último encontro do comitê em 2023. Com isso, a taxa cairá para 11,75% ao ano, beneficiando a população e fortalecendo a economia brasileira, o que pode atrair mais investidores para o país.
Brasil cria 190,4 mil vagas formais em outubro
O dia também ficou marcado pela divulgação dos dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em suma, o Brasil criou 190,4 mil vagas formais de emprego em outubro, número 18,8% maior que o registrado no mesmo mês de 2022 (160,3 mil vagas).
Com o acréscimo deste resultado, o Brasil passou a registrar um saldo de 44,23 milhões de empregos com carteira assinada em 2023. O valor superou em 0,4% o saldo observado em setembro (44,04 milhões) e em 3,4% os números observados em outubro do ano passado (42,77 milhões).
O Ministério do Trabalho também revelou que o Brasil criou 1,78 milhão de vagas formais de emprego nos dez primeiros meses de 2023. O número ficou 23,7% menor que o registrado no mesmo período de 2022 (2,34 milhões).
Entre os setores econômicos, o grande destaque ficou com o setor de serviços, que respondeu por 57,7% do total de vagas criadas no país em outubro. Já entre as regiões brasileiras, o Sudeste criou 96,6 mil postos de trabalho (50,7% do total).
Investidores ficam de olho nos Estados Unidos
Na sessão de hoje (28), as atenções se voltaram para os Estados Unidos. Em síntese, Christopher Waller, o diretor do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, disse que qualquer redução dos juros no país não teria “nada a ver com a tentativa de salvar a economia ou a recessão”.
De acordo com ele, um eventual corte na taxa de juros acontecerá com o objetivo de impedir que a política monetária dos EUA fique excessivamente contracionista, ainda mais com a desaceleração da inflação no país.
“Se observarmos que a desinflação continua por mais alguns meses — não sei quanto tempo pode ser, três meses, quatro meses, cinco meses — você poderia então começar a reduzir a taxa básica só porque a inflação está mais baixa”, disse Waller ao think tank American Enterprise Institute.
Ainda assim, o diretor do Fed ressaltou que a taxa inflacionária nos EUA continua muito elevada. Portanto, ele afirmou que “é muito cedo para dizer se a desaceleração será sustentada”. Ao mesmo tempo, “há uma incerteza significativa sobre o ritmo da atividade futura”, que torna a situação ainda mais incerta, segundo ele.
Juros nos EUA estão no maior nível em mais de 20 anos
No início de novembro, o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, decidiu manter a taxa de referência dos juros inalterada no país, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão veio em linha com as estimativas do mercado, e os analistas acreditam que o Fed manterá os juros estáveis até meados de 2024, quando começará a reduzir a taxa no país.
A saber, a taxa de juros nos EUA está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Mesmo que o Fed venha mantendo a taxa estável nos últimos encontros, isso não é totalmente positivo para a população, já que o patamar continua muito elevado nos EUA, afetando a atividade econômica do país.
Os especialistas entendem que o Fed está bastante dependente dos dados para tomar qualquer decisão. Por isso, as declarações de Christopher Waller animaram o mercado e puxaram o dólar para baixo na sessão de hoje (28).