O dólar caiu pelo segundo pregão consecutivo, renovando a mínima de outubro. O dia ficou marcado por dados vindos dos Estados Unidos e pela valorização dos títulos do Tesouro norte-americano. Investidores também acompanham os desdobramentos dos conflitos no Oriente Médio.
Nesta terça-feira (17), o dólar caiu 0,03% e encerrou o dia cotado a R$ 5,0353. A moeda americana passou parte do dia em campo positivo, registrando alta, mas reverteu o movimento no decorrer do pregão e fechou o dia em queda.
Apesar de ter registrado mais uma queda, a divisa ainda acumula um avanço de 0,17% em outubro. Esse resultado sucede as altas de agosto (4,68%) e setembro (1,55%) e mostra que o dólar segue em alta pelo terceiro mês consecutivo, refletindo ainda o pessimismo entre os investidores, embora venha caindo.
Por outro lado, o resultado no acumulado de 2023 continua positivo para o real brasileiro, uma vez que o dólar acumula queda de 4,60% no ano. Aliás, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Dados dos Estados Unidos repercutem
No pregão de hoje (17), os investidores ficaram de olho em dados econômicos dos Estados Unidos. Em resumo, as vendas no varejo norte-americano cresceram mais que o esperado em setembro. O resultado foi impulsionado, principalmente, pelo aumento das compras de veículos e dos gastos em restaurantes e bares.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, também revelou que a indústria americana cresceu 0,4% em setembro, taxa que também superou as estimativas do mercado. A saber, o resultado surpreendeu, visto que o país enfrentou greves na indústria automobilística, que acabaram reduzindo a produção de veículos no país.
Além disso, os estoques empresariais dos Estados Unidos também cresceram mais que o esperado em agosto, segundo o Departamento de Comércio norte-americano.
Todos estes dados mostram que a maior economia do mundo deverá ter fortes resultados no terceiro trimestre deste ano. Embora esse dado seja muito positivo, também liga o sinal de alerta entre os investidores, pois tendem a indicar que a inflação continuará forte no país. Como resultado, a taxa de juros também deverá se manter elevada nos EUA.
Juros não devem subir nos EUA
Na semana passada, o vice-diretor do Fed afirmou que a entidade não deverá elevar a taxa de juros nos EUA. Em suma, o Fed elevou recorrentemente os juros para segurar a inflação no país dois últimos anos. Isso aconteceu porque a taxa inflacionária chegou ao maior patamar em quase 40 anos.
Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevado em mais de duas décadas anos. Aliás, na última reunião do Fed, realizada em setembro, a entidade optou por manter os juros estáveis nos EUA. Contudo, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais.
Isso aumentou as preocupações entre os investidores, pois os juros mais altos aumentam a atratividade da renda fixa norte-americana. Inclusive, os títulos do Tesouro dos EUA, chamados de treasuries, tiveram uma forte valorização nesta terça-feira (17). Isso acaba atraindo mais capital para os Estados Unidos e, consequentemente, fortalece o dólar, mas a moeda americana fechou o dia em queda.
Cenário nacional enfraquece o dólar
Embora o cenário internacional tenham apresentado fatores para o fortalecimento do dólar, a moeda americana caiu principalmente por causa do cenário doméstico. Na véspera (16), os analistas do mercado financeiro projetaram pela primeira vez a taxa inflacionária do Brasil dentro da meta estabelecida para 2023.
Essa estimativa mais otimista aconteceu porque, em setembro, a inflação subiu 0,26% no Brasil, abaixo do esperado pelo mercado. Embora a taxa tenha acelerado em relação a agosto (0,23%), o que repercutiu foi o dado vir mais fraco que o esperado (0,33%). A propósito, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é considerado a inflação oficial do país.
Ao mesmo tempo, as estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023 estão cada vez mais otimistas, com algumas entidades projetando uma taxa superior a 3%.
Investidores acompanham os conflitos no Oriente Médio
Por fim, o mundo segue acompanhando os conflitos entre Israel e o grupo extremista islâmico armado Hamas. Em resumo, quando há preocupações globais, como estes conflitos, os investidores tendem a buscar ativos mais seguros, principalmente os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, e isso beneficia o dólar.
Contudo, a moeda americana está perdendo força porque os conflitos no Oriente Médio ainda não representam um risco para a atividade econômica global, ao menos por enquanto. Para muitos analistas, a situação entre Israel e palestinos se refere à questão humanitária e não deverá ter forças para impactar a economia mundial.