O nível percentual de dívidas dos consumidores brasileiros disparou e atingiu o nível recorde de 72%. Isso é o que mostra o índice da CNC (Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo). Segundo o Serasa, atualmente existem cerca de 62 milhões de pessoas endividadas no Brasil.
No mês de julho, as dívidas bancárias e de cartão de crédito dos brasileiros lideraram, com 29%. Logo em seguida no índice total, aparecem as contas bancárias, como água, luz, gás e IPTU, com índice de 24% de endividamento dos brasileiros. No entanto, segundo especialistas, é possível fazer cálculos que ajudam a ter um consumo mais controlado.
É possível, por exemplo, pegar o valor total que é recebido de salário, em reais, e dividir o valor por 22 dias de trabalho. Depois, dividir novamente pelas oito horas diárias de trabalho. Assim, é possível calcular o valor da hora de trabalho e, tendo esse controle, dá pra saber se o consumidor consome mais ou menos do que recebe.
Ademais, a planejadora financeira Elaine Carreiro explica que é importante que cada pessoa conheça seu estilo de vida. “Isso impacta diretamente em entender o padrão de comportamento de compra. Mapear todas as despesas e receitas é muito importante para saber se as despesas cabem na receita”, afirmou a planejadora.
Fatores que levam ao aumento de dívidas
As dívidas dos brasileiros aumentaram um grande nível percentual neste ano de 2021. Nesse contexto, a proporção de famílias com dívidas está 5,5 pontos porcentuais acima de agosto do ano passado e superou em 7,8 pontos o nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020. Segundo a CNC, existem alguns fatores que contribuíram para isso.
“As fragilidades no mercado de trabalho formal e o avanço no setor informal, com elevado nível de desocupação, e a inflação elevada estão contribuindo para a maior contratação de dívidas pelas famílias,” segundo análise da CNC.
“Outros fatores como as taxas de juros ainda relativamente baixas e mudanças do comportamento dos consumidores também vêm influenciando a maior contratação de crédito e, consequentemente, o endividamento no país”, completou a CNC.
Mesmo com o cenário do aumento de dívidas, o cenário de concessão de crédito vem aumentando. Ainda a CNC destaca que a concessão média de crédito aos consumidores cresceu 19,2% no primeiro semestre deste ano, o que representa a maior taxa desde o início de 2013. Ou seja, as instituições financeiras ainda apostam no consumo da população.
Endividamento e inadimplência
O fato de estar endividado não representa o mesmo que estar inadimplente. “Ao se comprometer com o pagamento de um valor no futuro, o indivíduo contraiu uma dívida e está endividado. Ele estará inadimplente caso não pague o valor até a data do vencimento da obrigação”, lembra a CNC.
“A proporção de famílias inadimplentes, ou seja, com dívidas ou contas em atraso, se manteve em 25,6% em agosto. Há 1 ano, era de 26,7%.” O que representa uma diminuição de um ano para outro, ainda segundo a CNC.
Já o percentual daquelas que afirmam que não terão condições de pagar contas e dívidas já atrasadas caiu. Sendo assim, o número de inadimplentes do próximo mês caiu para 10,7%, ante 10,9% em julho e 12,1% há 1 ano atrás.