Diferenças entre discurso direto, indireto e indireto livre

Formas de iniciar uma fala ou um pensamento

Discurso direto, indireto e indireto livre são comumente utilizados em textos narrativos para iniciar a fala ou o pensamento de um personagem.

Discurso direto, indireto e indireto livre é um assunto cobrado, na maioria dos vestibulares como questão para o candidato examinar os tipos de discurso do texto de apoio ou, ainda, pode ser solicitado que seja feita uma transposição de um tipo para outro.

A principal diferença entre o discurso direto, indireto e indireto livre consiste na forma de narrar, conforme detalha-se a seguir.

Diferenças entre discurso direto, indireto e indireto livre

Discurso direto

O discurso direto caracteriza-se por ser aquele em que o narrador reproduz as palavras de outra pessoa ou personagem. Um discurso direto pode aparecer no meio do texto. Para isso, utiliza recursos de pontuação como uso das aspas, dois pontos ou travessão, para demonstrar que a fala é de outrem.

Esse tipo de discurso normalmente utiliza verbos de elocução, que apresentam relação com o verbo “dizer” como falar, responder, perguntar, indagar, declarar, exclamar, dentre outros.

Exemplos:

  • Na cerimônia de colação de grau, os formandos em Direito disseram: “Prometo cumprir meus deveres e defender com firmeza e honestidade.”
  • Da sala do juiz, todos ouviram o réu dizer: “Sou inocente, juro!”.
  • Com desejo de comer pizza, Rafael decidiu pedir uma pelo telefone:

— Pizzaria Aqui tem Pizza, alô, quem fala?

— Alô, boa noite! É o Rafael. Com quem eu falo?

 

Discurso Indireto

No discurso indireto o interlocutor diz o que a outra pessoa ou personagem falou. Ele o faz com as suas próprias palavras.

É o tipo de discurso comum no dia a dia, narrado na terceira pessoa, que dispensa o uso de travessão.

Exemplos:

  • Na cerimônia de colação de grau, os formandos em Direito disseram que vão cumprir seus deveres defender com firmeza e honestidade.
  • Da sala do juiz, todos ouviram o réu jurar que era inocente.
  • Rafael estava desejando comer uma pizza e decidiu ligar para a pizzaria. Do outro lado da linha, alguém atendeu e perguntou quem estava falando. Rafael se apresentou e perguntou também com quem ele estava falando.

Mudando do discurso direto para o indireto

 Discurso Direto Discurso Indireto
Preciso me alongar por alguns instantes. (Enunciado na 1.ª pessoa)Disse que precisava se alongar por alguns instantes. (Enunciado na 3.ª pessoa)
Sou a pessoa que ganhou o prêmio. (Enunciado no presente)Disse que era a pessoa que ganhou o prêmio. (Enunciado no pretérito imperfeito)
Não vi o jornal hoje. (Enunciado no pretérito perfeito)Disse que não tinha visto o jornal hoje. (Enunciado no pretérito mais que perfeito)
O que fará para solucionar o problema da falta de água? (Enunciado no futuro do presente)Perguntou-me o que faria para solucionar o problema da falta de água. (Enunciado no futuro de pretérito)
Não me interrompa mais! (Enunciado no modo imperativo)Pediu que não lhe interrompesse mais. (Enunciado no modo subjuntivo)
Isto é incrível. (Pronome demonstrativo em 1.ª pessoa)Disse que aquilo era incrível. (Pronome demonstrativo em 3.ª pessoa)
Somos muito felizes aqui. (Advérbio de lugar “aqui”)Disse que são muito felizes aqui. (Advérbio de lugar “lá”)

Discurso Indireto Livre

O discurso indireto livre é caracterizado pela junção dos discursos direto e indireto. Assim, há intervenções do narrador e da fala dos personagens.

Nesse tipo de discurso as falas dos personagens e do narrador podem ser confundidas quando não existirem marcas para mostrar a mudança do discurso. Isso porque no discurso indireto livre, diferentemente dos outros discursos, não há indicações de separação da fala do narrador da fala da personagem, que são feitos por meio de verbos de elocução, conjunções ou sinais de pontuação.

No discurso indireto livre o narrador assume o lugar da outra pessoa do discurso, assumindo sentimentos e pensamentos, inserindo-os na sua própria narrativa.

Exemplos:

  • João fez o que julgava importante. Não estava arrependido, mas senti um alívio. Talvez não tenha sido suficientemente justo com os seus sentimentos.
  • O despertador não tocou hoje. Nossa, vou chegar atrasado!
  • Amanheceu fazendo frio. Vou passar o dia em casa, assistindo filme.

 

O que são textos narrativos?

A narração é um dos gêneros textuais escrito, na maioria das vezes, em prosa, contando uma história através de uma sequência de várias ações reais ou imaginárias.

O acontecimento é transmitido por um narrador, estando estruturado em introdução, desenvolvimento e conclusão. O texto narrativo apresenta como característica estrutural a presença de elementos da narração, que são: espaço, tempo, personagem, enredo e narrador.

Espaço: refere-se ao local do acontecimento da narrativa. Pode ser um lugar físico, social (características do ambiente social) e psicológico (comportamento do sujeito).

Enredo: o enredo de um texto narrativo é a história composta pelos acontecimentos que ocorrem em determinado tempo e espaço.

Tempo: é a duração da ação. Pode ser cronológico (horas, dias, anos etc.) ou psicológico (lembranças e vivências das personagens).

Personagens: aparecem caracterizados por meio de qualidades físicas e psicológicas. Os personagens possuem diferentes importâncias na narração, sendo chamados de personagens principais e personagens secundários.

Narrador: no texto narrativo o narrador é o interlocutor da história. Para isso, existem vários tipos de narrador, sendo:

Narrador onisciente e onipresente: conta a história a partir de uma visão íntima dos personagens. Faz a narração na 3ª pessoa ou na 1ª pessoa, em discurso indireto livre. Nesse caso, a voz do narrador pode ser confundida com a voz dos personagens.

Narrador personagem, participante ou presente: esse narrador conta a história na 1ª pessoa, sendo além de narrador também personagem dos acontecimentos. Este tipo de narração apresenta-se de forma subjetiva, com base no ponto de vista e nas emoções do narrador.

Narrador observador, não participante ou ausente: conta a história de forma limitada, sem se envolver no conto. Faz uma narrativa imparcial e objetiva, utilizando o discurso na 3ª pessoa.

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