Apesar do desemprego ter diminuído em 22 das 27 unidades da federação no segundo trimestre de 2022, essa melhora não foi suficiente para amenizar a crise no país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de três a cada dez desempregados permanecem em busca de trabalho há mais de dois anos.
O levantamento divulgado na última sexta-feira (12) ainda indica que no final do 2º trimestre de 2022, o número de cidadãos desempregados há mais de 2 anos era de 2,985 milhões. Esse número representa cerca de 29,6% do total de desempregados no Brasil, estimado em 10,080 milhões.
Ao comparar com o 1º trimestre do ano houve uma diminuição de aproximadamente meio milhão no número de trabalhadores em situação de desemprego que buscavam uma nova oportunidade há mais de dois anos. No entanto, não houve uma variação significativa, já que essa condição permaneceu atingindo cerca de 1/3 dos desempregados brasileiros.
“A gente tem melhoria do número de ocupados, um crescimento até de carteira de trabalho, em várias atividades econômicas, mas o rendimento em si não vem apresentando uma expansão em termos reais. Embora a gente tenha visto que em termos nominais houve sim uma expansão no trimestre e no ano. Só que trazidos a termos deflacionados, quando a gente considere em termos reais, o aumento que teve em termos nominais não é o suficiente para manter a expansão em termos reais”, disse Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Vale destacar que só são considerados desempregados os cidadãos que não estão ocupados no mercado de trabalho no momento e possuem disponibilidade, além de estarem buscando uma oportunidade. Apesar disso, a análise trimestral do IBGE indica que quanto mais tempo o trabalhador permanece desempregado, maior é a dificuldade em conseguir uma nova ocupação.
Veja as diferenças regionais
Segundo Adriana Beringuy, ao analisar o tempo por busca de trabalho é possível notar grandes diferenças regionais. De acordo com o IBGE, a região Centro-Oeste era a que tinha a maior proporção de cidadãos procurando emprego no período entre 1 mês a 1 ano, seguida pela Região Sul (50%).
Em contrapartida, a menor quantidade de desempregados nessa fila pode ser observada nas regiões Nordeste, Norte e Sudeste. Já na fila superior a 2 anos, a região Nordeste apresenta a maior proporção no nível de desemprego. Além disso, o levantamento divulgado pelo IBGE nesta semana mostrou que 4,3 milhões de cidadãos já desistiram de buscar uma vaga no mercado de trabalho formal, tendo em vista a dificuldade enfrentada nos últimos anos.
Saiba mais sobre o desemprego no Brasil
De acordo com o IBGE, ao analisar todas as pesquisas realizadas nos últimos anos, a maior parcela de desempregados no Brasil encontra-se na faixa dos que estão desocupados entre 1 mês e 1 ano.
No entanto, Adriana Beringuy pondera que desde 2015 há uma tendência inversa nessa proporção. Desse modo, o desemprego entre os cidadãos que estão na busca por emprego entre um mês há um ano vem diminuindo e dando espaço aos que procuram emprego há mais de dois anos.