Você é bloqueado por alguém em alguma rede social? Para a grande maioria das pessoas, a resposta para esta pergunta é sim. O ato do bloqueio é útil para que você não permita que algumas pessoas visualizem o seu conteúdo. Do mesmo modo, outra pessoa pode impedir que você acesse os posts publicados por ela.
O ato de bloquear ou desbloquear alguém em uma rede social é notadamente comum no mundo da internet quando se trata de duas pessoas físicas. Mas o que acontece quando o bloqueio parte de uma pessoa jurídica? Vamos além: o que acontece quando o bloqueio parte de uma conta que representa um órgão público, como o governo federal, por exemplo?
A gestão Bolsonaro
Este é o ponto que gerou muita discussão no decorrer dos últimos quatro anos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com as informações oficiais, mais de 3 mil perfis de cidadãos brasileiros foram simplesmente bloqueados e não puderam mais ver os posts de perfis oficiais da presidência ou da esplanada dos ministérios.
Na grande maioria dos casos, as pessoas bloqueadas afirmam que questionaram algum ponto específico, realizaram críticas e até xingamentos, e as ações acabaram gerando o bloqueio. Desde então, eles não mais puderam ver as postagens e ficaram sem informações neste sentido.
Dados obtidos pelo jornal O Estado de São Paulo via Lei de Acesso à Informação revelam que apenas o Palácio do Planalto mantinha mais de 1.075 perfis bloqueados em diversas redes sociais. Estes cidadãos não podiam conferir as postagens de páginas como:
- Secretaria de Comunicação Social (Secom);
- governo do Brasil (govBR);
- Palácio do Planalto.
“Desbloqueaço”
No final da última semana, o governo federal anunciou uma espécie de “desbloqueaço”. Segundo a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ideia é realizar uma “cuidadosa análise jurídica” dos usuários que foram bloqueados, segundo a Secretaria de Comunicação Social. Para o Palácio do Planalto, tais perfis teriam sido “censurados por ter opiniões diversas à da gestão passada”.
“Liberdade de expressão? Temos aqui. Receber informações das redes oficiais do governo é um direito do cidadão. Identificamos mais de 3.000 usuários que foram bloqueados pela gestão anterior, e todos estão sendo desbloqueados neste momento”, informou a Secom.
O outro lado
Mesmo que o atual governo tenha montado esta força tarefa para desbloquear perfis, o fato é que a atual esplanada dos ministérios também já realizou bloqueios de contas na plataforma Twitter. O caso mais famoso é o do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA). Ele também já realizou uma série de bloqueios.
A lista de pessoas bloqueadas pelo ministro da Justiça e que estão impedidas de consultarem as suas postagens oficiais incluem:
- deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG);
- deputado federal Marcos Feliciano (PL-SP);
- líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ);
- ex-deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB-SP).
Bloqueio de jornalistas
No caso de Bolsonaro, no entanto, a lista de bloqueios inclui uma série de jornalistas. Tratam-se de profissionais que trabalham diretamente com informações, e que estavam impedidos de acessar estas informações pelo governo anterior.
O levantamento mais recente sobre o assunto foi realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em dezembro do ano passado. De acordo com a pesquisa, o ex-presidente Jair Bolsonaro teria impedido 105 jornalistas de acessarem as suas publicações nas redes sociais.
Destaques também para o ex-secretário da Cultura Mário Frias, que durante a sua gestão em um órgão oficial do governo impediu o acesso de informações para 43 jornalistas. Já o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub bloqueiou 42 profissionais da comunicação.
Durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, 53 autoridades das mais variadas ordens do governo federal barraram 195 jornalistas do acesso aos seus perfis oficiais nas redes sociais. O dado compreende o espaço entre setembro de 2020 e dezembro de 2022.