CVM abre processo após renúncia de presidente da Petrobras

CVM abre processo após renúncia de presidente da Petrobras

Nesta segunda-feira (20), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma apuração sobre notícias que antecederam a renúncia do presidente-executivo da Petrobras. Na manha de segunda, Jose Mauro Coelho pediu demissão do cargo após protestos do presidente Jair Bolsonaro e de parlamentares contra novo reajuste nos preços dos combustíveis na última sexta-feira (17).

O anúncio da renúncia ocorreu após o jornal “O Globo” ter publicado mais cedo que membros do conselho de administração da Petrobras relataram a disposição do executivo de pedir demissão. Antes da companhia se manifestar oficialmente, os negócios com ações da Petrobras chegaram a ser suspensos na B3.

A agência Reuters questionou a CVM se a apuração pode envolver alguma denúncia de “insider trading“. Isso acontece quando agentes de mercado têm acesso a informações privilegiadas da empresa e as usam para se beneficiar da compra e venda de ações. O órgão ainda não se manifestou sobre o ocorrido.

O processo administrativo aberto pela CVM, de número 19957.006614/2022-48, pode se tornar uma investigação formal, dependendo das conclusões tomadas após análise pela gerência de acompanhamento de empresas da autarquia, como é praxe nesses casos.

Renúncia do presidente da Petrobras

O ex-presidente José Mauro Coelho pediu demissão da presidência e, também renunciou ao seu cargo no Conselho de Administração da companhia. A renúncia foi feita quase um mês após o executivo começar a ser pressionado pelo próprio governo diante do reajuste no preço de combustíveis.

Após o anúncio de Coelho, a Petrobras informou que o atual diretor-executivo de Exploração e Produção da companhia, Fernando Borges, será o presidente interino até que o substituto de Coelho seja eleito e empossado.

A saída do ex-presidente já era aguardada desde o dia 23 de maio, quando o Ministério de Minas e Energia anunciou que seria realizada a terceira troca no comando da empresa. Na ocasião, a pasta alegou que “diversos fatores geopolíticos conhecidos por todos resultam em impactos não apenas sobre o preço da gasolina e do diesel, mas sobre todos os componentes energéticos”.

Roberto Castello Branco e o general Joaquim Silva e Luna, que possuíam o cargo antes de Coelho, também deixaram o comando da estatal diante pressão do próprio governo devido à alta de preços dos combustíveis.

Indicado ao cargo pelo governo há um mês, um dos principais candidatos a presidência é Caio Paes de Andrade, secretário de Desburocratização do Ministério da Economia. Andrade não realizou a troca no mês passado devido a trâmites legais definidos para a substituição.

Abalos no mercado financeiro

Nesta quarta-feira (2), o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, conhecida como B3, fechou perto da estabilidade, com destaque para as ações da Petrobras. Os papéis da Petrobras iniciaram o dia com uma suspensão por cerca de 1 hora na B3, em razão da divulgação do comunicado da renúncia de José Mauro Coelho.

Já na sexta-feira, os papéis da Petrobras tiveram um forte tombo e a empresa perdeu R$ 27,3 bilhões em valor de mercado. Para Ilan Arbetman, analista de Research da Ativa Investimentos, a saída de Coelho pode abaixar a pressão “extra-corporativa” que se impõe sobre a companhia e pode antecipar a reformulação da diretoria, que será mais conservadora na aplicação de reajustes de preços de derivados.

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