Assim como tem afetado a educação no mundo todo, a pandemia particularmente atingiu em cheio a vida de crianças refugiadas.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), metade dos estudantes refugiados vivem fora das escolas atualmente.
O relatório, divulgado nesta quinta-feira (3), exibe um panorama preocupante em relação ao número de jovens que correm risco de ficar sem acesso à educação.
No documento há alertas para que medidas sejam tomadas imediatamente para combater os efeitos catastróficos da pandemia de Covid-19 na vida de tais crianças e adolescentes.
“Depois de tudo o que sofreram, não podemos roubar seu futuro, negando-lhes educação”, afirmou o comissário do Acnur, Filippo Grandi, em um comunicado.
A organização teme que, logo após a pandemia, as crianças tenham dificuldades de retomar os estudos. Há inúmeros motivos para isso. Entre eles, de acordo com a entidade, o fato das escolas permanecerem fechadas, falta de recursos de suas famílias ou então necessidade de trabalhar para arcar com despesas de casa.
Preocupação com meninas refugiadas
De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas) a preocupação maior se volta para as meninas refugiadas. Afinal, antes da pandemia elas já enfrentavam obstáculos sociais para frequentar a escola.
Atualmente, mesmo diante de tantos movimentos em prol da educação de meninas, elas estão em menor número do que os meninos nas escolas. Sendo assim, correm um maior risco de suspenderem seus estudos logo após a pandemia.
Em países onde o percentual de escolaridade de meninas refugiadas no ensino médio já era inferior a 10%, de acordo com o Acnur, há o risco de que todas desistam de modo definitivo. O indício gira em torno de que elas precisem ajudar em casa tanto financeiramente quanto nos cuidados com a família.
O relatório do Acnur se baseia em dados coletados de 12 países, os quais abrigam metade dos refugiados do mundo.
Entre eles, o percentual de escolaridade no ensino fundamental é de 77%, mas despenca para 31% no ensino médio. Apenas 3% chegam a cursar o ensino superior.