A crase é conhecida popularmente por ser uma acentuação da vogal “a”. Mais do que isso, ela é a contração de duas vogais iguais e a junção da preposição com o artigo. Na gramática, aparece grafada como “à”. Sua origem vem da Grécia Antiga, cujo significado é “mistura” ou “fusão”.
Apesar da forma mais comum de aparecer a crase ser na vogal “a”, ela também pode vir expressa nos pronomes demonstrativos aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo e no pronome relativo as quais.
Assim: a + aquela = àquela; a + aquelas = àquelas; a + aquele = àquele; a + aqueles = aqueles; a + aquilo = àquilo e a + as quais = às quais.
Embora algumas vezes a crase seja esquecida e, outras, colocada equivocadamente, é importante saber as regras de inserção. Este assunto é muito explorado em questões objetivas tanto em provas de acesso às universidades quanto em provas de concurso. Além disso, é observada na dissertação e pode garantir ou retirar alguns pontos do candidato.
O uso da crase
Há situações em que a crase é obrigatória, facultativa ou proibida. Todas as determinações são expressas por regras que obedecem a uma lógica.
A (preposição) + a (artigo) = à
Substituição de preposição: a frase deve ser craseada quando a preposição “a” puder ser substituída por outra preposição e, ainda assim, manter o sentido.
Exemplo: Afonso viajou à Região Norte do Brasil.
Esta frase recebeu crase porque ela pode ser substituída pela preposição “para a” (Afonso viajou para a Região Norte do Brasil).
Substituição de complemento: na dúvida sobre a necessidade ou não da crase, pode-se substituir o complemento nominal feminino por masculino. Com isso, se aparecer a necessidade da inclusão do termo “ao”, significa que a frase deve ser craseada.
Exemplo: Manoel e Manuela levaram palavras de consolo à comunidade deles.
Nota-se que o exemplo acima enquadra-se em duas dicas dadas anteriormente. Primeiro, o artigo pode ser substituído pela preposição “para a”. (Manoel e Manuela levaram palavras de consolo para a comunidade deles). Também há possibilidade de trocar o termo “a comunidade” por “ao trabalho”, encaixando-se, assim, à segunda dica, já que substituiu o complemento nominal feminino por um masculino.
Crase obrigatória
A crase vai ser sempre obrigatória quando houver:
Presença de um artigo seguido por uma palavra feminina;
Locução adverbial que expresse tempo, modo ou lugar;
Locução prepositiva seguida por “de”;
Locuções conjuntivas “à medida que” e “à proporção que”.
Assim: Sua irmã vai à aula amanhã?
Nota: pela regra da gramática “quem vai, vai a algum lugar”. Aplicando no contexto do exemplo, pergunta-se: “Sua irmã vai a aula?”. Para evitar a repetição das vogais seguidas, une-as pela crase.
Quando o meu caçula chegar iremos à praça – expressa lugar.
A minha casa fica à esquerda da farmácia – locução prepositiva + de (da = de +a).
À medida que o tempo passa, vovô fica mais careca – locução conjuntiva.
Marina se veste à moda antiga – locução prepositiva.
Existem, ainda, casos em que a crase não é proibida nem obrigatória sendo, portanto, facultativa. A crase será facultativa sempre que vier antecedida por nome próprio feminino (Maria, Joana, Camila, Patrícia, Larissa, Carol etc); quando vier precedida por adjetivo possessivo feminino (sua, minha, nossa etc) e depois da preposição “até”.
Dentro das regras facultativas da crase, excetuam-se os casos em que o nome feminino vier precedido por adjetivos; quando não tem-se intimidade com o sujeito e quando o nome é de uma personalidade famosa. Para estas exceções a crase é obrigatória.
Exemplo 1: Devolvi o presente a Camila. / Devolvi o presente à Camila.
Exemplo 2: O prêmio foi entregue à querida Iasmin.
Exemplo 3: Na aula de Geografia a homenagem foi a Milton Santos.
Crase proibida
Também existem regras para o não-uso da crase. Este acento não pode ser admitido antes de palavras masculinas; de verbo; numeral (exceto em horas); depois de uma preposição; antes de plural que não tenha o artigo “as”; quando houver repetição do substantivo (face a face, pau a pau, cara a cara, frente a frente etc); antes de nomes de cidades masculinas e antes da palavra “terra” no sentido de solo / areia.
Exemplo 1: Na corrida de domingo o primeiro e segundo lugar ficaram pau a pau na disputa.
Exemplo 2: Bebê a bordo.
Exemplo 3: Zezé preferiu ir a cavalo, já André preferiu ir a pé.
Exemplo 4: Maria demonstrou muito amor a Deus.
Exemplo 5: Quando o sol aparecer a terra ficará seca.
Exemplo 6: Sairei de casa daqui a pouco.
Nota: observa-se que nos exemplos dois, três e quatro não usou-se a crase porque o artigo antecedeu palavras masculinas (bordo, cavalo, pé e Deus).
À disposição x A disposição
O uso de crase neste termo gera muita dúvida. As duas formas de escrita são permitidas e corretas. No entanto, cada uma tem um contexto para ser utilizada.
O uso da crase no termo “À disposição” sinaliza que algo ou alguém está ao dispor de outrem. A explicação encontra-se detalhada acima, no tópico “O uso da crase”, no intertítulo “Substituição de complemento”.
O termo “A disposição” é precedido por artigo e indica o ato ou o efeito de dispor algo. Seus sinônimos são “arrumação”, “distribuição”, “arranjo” etc.
Para casos com pronomes de tratamentos como “sua disposição” a crase é facultativa. Podendo aparecer como: À sua disposição ou A sua disposição.
Revisão
– Crase é a junção de artigo com preposição.
– indicado pelo sinal gráfico “à”.
– Pode vir expressa em pronomes demonstrativos e relativo.
– Obedece a regras lógicas da gramática.
– Pode der substituída por preposição.
– Pode ser substituída por complemento nominal.
– Obrigatória sempre que tiver artigo “a” antecedendo palavra feminina.
– Quando houver locução adverbial de tempo, modo e lugar.
– Na presença de locução prepositiva “de”.
– Na presença de locuções conjuntivas “à medida que” e “à proporção que”.
– Facultativa antes de nome próprio feminino.
– Facultativa antes de nomes famosos.
– Facultativa antes de nome próprio feminino o qual não tem-se intimidade.
– Proibida quando houver repetição de substantivo.
– Proibida antes de numeral.
– Proibida antes de nomes masculinos.