A variante BA.2.86 da Covid-19 não é páreo para as novas versões de vacinas que estão sendo desenvolvidas pela Moderna e pela Pfizer. Ao menos foi o que disseram as duas empresas por meio de um comunicado divulgado nesta quinta-feira (7). A notícia foi recebida com alívio por cientistas, que seguem preocupados com o aumento da contaminação pela nova variante.
Os resultados dos testes da Moderna indicaram que a sua vacina provocou uma elevação de 8,7 vezes no número de anticorpos neutralizantes contra a BA.2.86. A comparação é feita com a resposta natural de anticorpos não tratados em testes clínicos com humanos.
“Consideramos que esta é uma notícia que as pessoas vão querer ouvir enquanto se preparam para receber suas doses de reforço”, disse Jacqueline Miller, chefe de doenças infecciosas da Moderna, em entrevista.
Já a Pfizer afirmou que sua vacina atualizada, em parceria com a BioNTech, provocou uma forte resposta de anticorpos contra a BA.2.86. Esta resposta foi indicada em um estudo pré-clínico em camundongos.
A nova variante
Variantes da Covid-19 não chegam a ser bem uma novidade para os cientistas. Mas esta nova variação do vírus acabou chamando atenção de técnicos pelo seu alto poder de transmissão entre pessoas diferentes. Este sistema acabou gerando preocupação em governos de vários países.
Desde que a nova variante começou a ser identificada, parte da população já voltou a usar máscaras nas ruas. Algumas instituições também retomaram a obrigatoriedade do uso do item em locais fechados, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Até aqui, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem afirmando que segue monitorando a circulação da nova variante, mas indica que ainda não é possível saber qual é o tamanho do potencial destrutivo da nova cepa da Covid-19.
Os números oficiais dos governos espalhados pelo mundo apontam que existe um aumento significativo no número de pessoas infectadas pelo vírus. De todo modo, ao mesmo passo há um registro de queda no número de casos graves e de mortes, o que poderia indicar que a nova cepa não seria tão perigosa quando outras.
Aumento de casos
Seja como for, o Brasil vem registrando um aumento no número de casos da Covid-19 em todas as regiões. Por meio de nota, o Ministério da Saúde disse que ainda é cedo para ter certeza se o aumento de casos está ligado ou não à nova variante.
“Conforme dados enviados pelas Secretarias Estaduais de Saúde, entre as semanas epidemiológicas (SE) 31 e 32 de 2023, foi observado um aumento de 6% no número de casos de covid-19 notificados, taxa dentro do esperado para essa época do ano, quando aumentam os casos de infecções respiratórias. Ainda é prematuro afirmar que o aumento é causado pela nova variante”, disse a pasta, em nota.
Vacinação
De todo modo, o Ministério da Saúde voltou a frisar a importância de manter o calendário de vacinação contra a Covid-19 completo. Esta é melhor forma de aumentar o grau de proteção contra qualquer variante do coronavírus neste momento.
“Mantém-se a recomendação para que os grupos de maior risco de agravamento pela doença continuem a seguir as medidas de prevenção e controle, como o uso de máscaras em locais fechados, mal ventilados ou com aglomerações, além do isolamento de pacientes infectados com o vírus”.
O Brasil ainda patina no convencimento da população em tomar a vacina contra a Covid-19. Em entrevista, o virologista e pesquisador do Instituto Todos Pela Saúde, Anderson Fernandes de Brito, disse que é preciso ficar atento.
“Quando a gente olha, por exemplo, para dados de países que estão ainda mantendo volumes maiores de sequenciamento [genômico das variantes] como os Estados Unidos, por exemplo, a gente observa que a variante EG.5 tem aumentado de frequência de semana após semana”, destaca Brito.