Após o começo da vacinação contra Covid-19 no Brasil, o número de posts com conteúdo falso antivacina cresceu 131% no Facebook, segundo estudo da União Pró-Vacina (UPVacina), um projeto ligado a Universidade de São Paulo (USP).
O projeto do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP de Ribeirão Preto (SP) em parceria com diferentes centros de pesquisa aponta que somente em janeiro 257 posts com conteúdo falso antivacina foram compartilhados por dois grupos no Facebook, enquanto em dezembro de 2020 foram 111 posts.
De acordo com o estudo, o número de posts com conteúdo falso antivacina registrado em janeiro é mais do que o triplo daquele visto em julho de 2020, quando o volume desse tipo de publicação chegou a 87 posts. Os pesquisadores questionam a capacidade do Facebook em sinalizar e remover os posts da plataforma.
“A principal razão é o início da vacinação, com uma demanda maior por informações e, com a ansiedade do público, esses grupos aproveitam essa demanda para disseminar desinformação”, afirmou ao portal G1 João Henrique Rafael Junior, fundador da UPVacina.
A vacinação contra Covid-19 começou dia 17 de janeiro no Brasil. Das 368 publicações com conteúdo falso analisadas pelo estudo entre dezembro e janeiro, o conteúdo falso antivacina veiculado na segunda quinzena do mês passado corresponde a 39,7% do total.
“Os posts são realizados em grupos públicos do Facebook, desse modo é possível ver o perfil de cada usuário que faz as publicações, mas não é possível determinar com total certeza se é um perfil verdadeiro, um robô, ou simplesmente um perfil falso”, afirma Júnior.
Tipos de posts falsos antivacina da Covid-19
As 368 publicações estudadas pelo grupo foram produzidas por 126 autores, sendo que 16 deles correspondem a mais da metade de todo conteúdo falso antivacina postado. Os vídeos (41,6%) são os favoritos, seguidos de links (24,5%).
“Em alguns casos são vídeos de indivíduos que fazem essas acusações sem prova alguma, em outros são notícias de sites internacionais conhecidos pela distribuição de informação falsa, há também o caso de fotos simples com uma legenda como ‘Esse era X, ele tomou a vacina ontem e morreu'”, explica o fundador da UPVacina.
O tem mais recorrente no conteúdo falso antivacina contra Covid-19 é o suposto perigo que os imunizantes representam.
“Os posts na categoria perigo afirmam que as vacinas podem causar morte, infertilidade, alteração genética, além de alegações de que pessoas que já tomaram a vacina estão morrendo ou sofrendo fortes reações adversas”, explica o representante da UPVacina.
Confira o perfil dos posts antivacina
- suposto perigo das vacinas (45,1%);
- teorias da conspiração (19%);
- falsas aplicações em personalidades de destaque (11,7%);
- desinformações já usadas pelos grupos antivacina, como alteração do DNA humano (5,7%);
- conspirações políticas (4,9%);
- ausência de eficácia (4,3%);
- uso de fetos abortados na fabricação (3,3%).
- teorias específicas que citam Bill Gates como suposto articulador (2,7%);
- questões religiosas (1,6%);
- posts que afirmam que a vacina é desnecessária (0,8%);
- posts que mencionam pouco tempo de pesquisa (0,8%)