O dólar comercial encerrou a sessão desta quinta-feira (3) em forte alta, influenciado pela tanto pelo exterior quanto pelo cenário doméstico. O movimento de alta da moeda norte-americana não foi observado apenas no Brasil, mas em todo o mundo, com os pares do real também registrando perdas no dia.
Nesta quinta-feira (3), o dólar fechou a sessão em alta de 1,96%, o que corresponde a R$ 0,09, fechando o dia cotado a R$ 4,898. Esse é a cotação mais alta em quase um mês. Em resumo, a divisa não fechava um pregão em um patamar tão elevado assim desde o dia 6 de julho, quando a moeda encerrou a sessão cotada a R$ 4,93.
Embora o dólar tenha tido uma forte alta na sessão, a moeda ainda acumula uma queda expressiva de 7,20% ao ano. A saber, a divisa fechou o ultimo pregão de 2022, do dia 29 de dezembro, cotada a R$ 5,278, ou seja, acumula uma perda de R$ 0,38 em 2023.
Ainda assim, vale destacar que a cotação mínima do dólar ocorreu no dia 26 de julho, quando a divisa encerrou o pregão a R$ 4,7276. Isso quer dizer que a moeda norte-americana já chegou a acumular uma perda de 10,4% no ano (ou R$ 0,55), mas esse valor diminuiu significativamente nesta semana, período em que o dólar acumula alta de 3,53%.
Por que o dólar subiu nesta quinta-feira (3)?
A sessão desta quinta-feira (3) ficou marcada por dois fatores principais. O primeiro deles se refere ao exterior, mais especificamente aos rendimentos dos títulos do Tesouro americano. Em suma, os investidores estavam tendo um retorno financeiro maior com o dólar, e isso fez a moeda americana se apreciar globalmente.
A saber, o real brasileiro teve o pior desempenho entre seus pares no pregão de hoje. De acordo com o site Valor Investe, os três piores desempenhos do dia foram registrados pelo real, seguido pelo peso colombiano e pelo peso mexicano. O site acompanha as 33 moedas mais líquidas do planeta.
O resultado já era esperado pelos analistas. Quando os rendimentos dos Estados Unidos ficam mais atrativos, os investidores passam a buscar o dólar de maneira mais intensa, e foi justamente isso o que aconteceu nesta quinta-feira (3). Por isso, não só o real, mas as demais divisas perderam para a moeda norte-americana.
Redução dos juros no Brasil também preocupa
Na última quarta-feira (2), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 0,50 ponto percentual (p.p.). Com isso, a taxa caiu de 13,75% para 13,25% ao ano.
Essa foi a primeira redução dos juros no país desde agosto de 2020. Aliás, o corte na taxa Selic foi mais forte que o esperado pelo mercado. Em síntese, o consenso geral dos analistas apontava para uma redução de 0,25 p.p., para 13,50% ao ano. Contudo, o BC optou por uma redução mais intensa, e isso preocupou o mercado.
Na verdade, os investidores preferiram manter a cautela no pregão de hoje. Como a redução dos juros só foi anunciada após o fechamento da sessão da quarta-feira (2), as reações só puderam ser vistas hoje, e a decisão mais contracionista que o esperado do BC em relação à política monetária fez os analistas deixarem o real de lado.
Assim como ocorre com o dólar, a cotação do real também é bastante influenciada pelos juros do país. Quanto mais altos os juros, mais atraentes ficam as divisas, pois oferecem um retorno financeiro maior para os investidores.
Como o corte de juros foi bem forte, e o Copom já informou que as próximas reuniões deverão ter novas reduções, o real acabou perdendo mais valor que as demais divisas nesta terça-feira (3).
Ibovespa cai levemente na sessão
A cotação do dólar e o desempenho da Bolsa de Valores Brasileira geralmente seguem direções opostas nos pregões. Isso porque os fatores que impulsionam um, acabam derrubando o outro, ao menos boa parte deles. E isso aconteceu no pregão desta quinta-feira (3).
Em resumo, os juros mais elevados tornam a renda fixa mais atrativa. Já a renda variável, como as ações na Bolsa de Valores, acabam perdendo atratividade. Isso quer dizer que a redução mais forte que o esperado deveria impulsionar a busca por ativos da renda variável, mas não foi isso o que aconteceu na sessão de hoje.
Os investidores até queriam que o Banco Central (BC) reduzisse em 0,50 p.p. a taxa Selic. No entanto, a forma como isso aconteceu preocupou mais do que animou os investidores.
O consenso geral de redução de apenas 0,25 p.p. existia por um motivo principal: as divergências do BC com o governo federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já fez diversas críticas, não só à autarquia, mas diretamente ao seu presidente, Roberto Campos Neto. Além disso, o próprio presidente do BC sempre fez discursos cautelosos sobre a redução dos juros no Brasil.
Como a decisão veio diferente do esperado, a preocupação acabou dominando o pregão de hoje. A saúde fiscal do Brasil também preocupa, visto que o governo federal está gastando bastante para manter o pagamento dos benefícios sociais turbinados. Em meio a tudo isso, os investidores preferiram deixar o real de lado, bem como as ações listadas na Bolsa de Valores Brasileira.
No pregão, 49 das 85 ações listadas no Ibovespa fecharam o dia em queda. A propósito, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira. No dia, a carteira teórica do indicador teve uma movimentação financeira de R$ 21 bilhões.
Por fim, cabe salientar que o Ibovespa continua acumulando fortes ganhos em 2023 (9,89%). Isso mostra que a busca por ações da Bolsa Brasileira ainda está forte neste ano.