Correios tomam atitude inusitada e vão vender seguro funerário; veja o motivo
Em entrevista, presidente dos Correios disse que estatal pode passar a vender até mesmo seguro funerário em breve
Uma das maiores empresas estatais do país, os Correios vêm passando por um grande desafio: encontrar uma maneira de gerar lucro em um mercado de entregas cada vez mais complexo. Em entrevista à Folha de São Paulo, o novo presidente da autarquia, Fabiano Silva dos Santos, disse que poderá passar a liberar a venda de até mesmo seguro funerário para conseguir fechar as contas.
“O La Poste, na França, vende seguros, tem operação de marketplace e uma série de outros produtos acoplados à atividade postal. Talvez isso rentabilize as agências (dos Correios). Isso vai avançar bem, chegar com seguros para classes C, D, E a um preço competitivo. Vamos trabalhar com produto específico junto à CNP Assurance, que venceu a licitação. Ela é controlada pelo La Poste. Lá, essa venda já garante 20% da receita deles”, disse ele em entrevista.
Contudo, o presidente dos Correios disse também que o foco poderá ser variado. De acordo com ele, vários trabalhadores possuem diferentes interesses. A ideia da empresa estatal é fazer com que cada vez mais pessoas possam aderir ao sistema de vendas dos Correios.
“(Poderíamos vender seguros de vida e) até de morte. É caro morrer (custo do enterro e velório). Seguro para roubos de pequenos artigos, como o celular, por exemplo. Para um trabalhador, isso tem peso”, disse ele na mesma entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
lucro
O novo presidente dos Correios também citou nesta entrevista os pontos de dificuldade de gerar lucro, sendo uma empresa que entrega cartas. De acordo com ele, será preciso fazer uma série parcerias com empresas do setor público e privado para conseguir sair desta situação o quanto antes.
“O lema aqui é parcerias. Não só com iniciativa privada. Estamos fechando acordo com o INSS. Nossas agências funcionarão como postos de atendimento na garantia de acesso a pessoas que têm dificuldade. Gente que precisa atravessar um rio e não sabe como pedir uma aposentadoria, por exemplo. Na Correios Celular, parceria operada pela Surf Telecom, tem uma previsão dentro do contrato para a gente incrementar essa receita”, disse ele.
Entrega de cartas
Um dos pontos de maior preocupação em toda esta história é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deixou claro que vai impedir qualquer sistema de privatização dos Correios. A meta, portanto, é fazer com que esta empresa gere lucro, mesmo considerando que ela ainda é um estatal.
“Temos uma missão constitucional de entregar cartas, um negócio que está em declínio no mundo. Na outra ponta, o serviço privado, as entregas, vinham em declínio na gestão passada, que preparava a empresa para a venda. Perdemos entregas para Mercado Livre, Shopee, Amazon. Eles eram grandes clientes e foram retirando carga nossa porque estavam criando logística própria ou buscando melhor preço”, disse ele.
“Fechamos parceria com a Apex-Brasil e o Shopee para fazer um teste de exportação de dez produtos brasileiros que serão vendidos no marketplace deles de Singapura. Pensamos em fazer a mesma coisa na China. Lá, o resultado de vendas no Brasil pode ser tranquilamente multiplicado por vinte. O Sebrae Nacional também está fechando parceria conosco voltada para exportação”, completou ele.
Troca nos Correios
Vale lembrar ainda que há um complicador em toda esta história. O grupo político conhecido como centrão está de olho na presidência dos Correios. Informações de bastidores indicam que Lula vai poder realizar trocas neste sentido. O atual presidente da instituição foi questionado sobre este ponto na entrevista.
“Não sou uma pessoa que estava na política. Não vim de um cargo público. A missão que o presidente deu foi muito clara. Ele disse: ‘você vai fortalecer os Correios e modernizar a empresa’. O nosso foco é esse. Para isso, não dá tempo de parar para ficar pensando nessas outras coisas”, respondeu ele quando perguntado sobre uma possível troca de comando.