A Marcha das Margaridas é um evento político e social que reúne mais de 100 mil mulheres brasileiras do campo, da floresta, das águas e das cidades, além de representantes de 33 países. Coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), federações, sindicatos filiados e 16 organizações parceiras, a marcha ocorre a cada quatro anos e tem como objetivo principal lutar pelos direitos das mulheres e promover mudanças significativas em suas vidas. A próxima edição da marcha acontecerá em 2023, em Brasília, e traz o lema “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver”.
A Diversidade das Margaridas
A Marcha das Margaridas é uma manifestação inclusiva que reúne trabalhadoras rurais, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, sem-terra, extrativistas, da comunidade LGBTQIA+ e moradoras de centros urbanos. Essa diversidade representa a força e a união das mulheres em diferentes contextos e realidades, mostrando que a luta pelos direitos femininos vai além das fronteiras geográficas e sociais.
As Pautas da Marcha das Margaridas
As principais demandas reivindicadas pelas “margaridas” são divididas em 13 eixos políticos, que serão discutidos durante os dois dias do evento. Essas pautas refletem as necessidades e os desafios enfrentados pelas mulheres em diversas áreas, incluindo política, violência, direitos territoriais, meio ambiente, saúde, educação, acesso à internet, entre outros. Através da Marcha das Margaridas, as participantes buscam chamar a atenção das autoridades e da sociedade como um todo para essas questões e exigir ações concretas para promover a igualdade de gênero e garantir os direitos das mulheres.
Aqui estão os 13 eixos políticos debatidos durante a Marcha das Margaridas:
- Democracia participativa e soberania popular.
- Poder e participação política das mulheres.
- Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo.
- Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade.
- Proteção da natureza com justiça ambiental e climática.
- Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética.
- Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios.
- Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns.
- Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional.
- Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda.
- Saúde, Previdência e Assistência Social pública, universal e solidária.
- Educação Pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo.
- Universalização do acesso à internet e inclusão digital.
Essas pautas são fundamentais para promover a igualdade de gênero, combater a violência contra as mulheres, garantir o acesso a recursos naturais e proteger o meio ambiente, promover a saúde e o bem-estar, além de garantir o acesso à educação e às oportunidades econômicas.
A Expectativa da Marcha e as Conquistas Almejadas
A coordenadora-geral da Marcha das Margaridas e secretária de Mulheres da Contag, Mazé Morais, destaca a expectativa para a marcha e a importância das pautas construídas ao longo de várias reuniões realizadas desde 2021. Ela espera que as autoridades presentes no evento possam anunciar políticas públicas relevantes que tenham um impacto real na vida das mulheres em todos os territórios do Brasil.
Mazé Morais também ressalta a importância da marcha como uma oportunidade de resgatar e fortalecer as conquistas alcançadas ao longo dos anos. Muitas das políticas e programas que beneficiaram as mulheres foram retirados ou extintos, e a Marcha das Margaridas é vista como uma esperança para a retomada dessas conquistas. A expectativa é que a manifestação seja grandiosa e representativa, refletindo a diversidade das mulheres e suas demandas.
O Apoio do Governo e as Ações em Andamento
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destaca o trabalho realizado nos últimos meses em parceria com outros ministérios para atender às diversas reivindicações das margaridas. Ações de enfrentamento à violência contra as mulheres, garantia da autonomia econômica e proteção dos biomas são exemplos das medidas em andamento.
A ministra ressalta que o governo atual tem um compromisso com as mulheres do campo, da floresta e das águas, e considera a participação social como um elemento central na construção e implementação de políticas públicas. A Marcha das Margaridas é vista como uma força impulsionadora para o desenvolvimento sustentável e uma oportunidade de promover mudanças positivas na sociedade.
A Inspiração de Margarida Maria Alves
Desde 2000, a Marcha das Margaridas presta uma homenagem à sindicalista Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Margarida foi assassinada em 1983 devido à sua luta pelos direitos dos trabalhadores rurais. Sua liderança se tornou um símbolo de resistência e inspiração para milhares de homens e mulheres que buscam justiça e dignidade.
O caso de Margarida Maria Alves chegou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), onde se tornou um marco na denúncia das violações sistemáticas dos direitos fundamentais. Em 2020, a comissão publicou o Relatório de Mérito 31/20 sobre o caso, concluindo que o Estado brasileiro é responsável pela violação dos direitos de Margarida Alves e das pessoas mencionadas no relatório.
Quatro décadas após o assassinato de Margarida, a secretária Mazé Morais destaca a importância de manter viva a memória e o legado da sindicalista. Margarida continua sendo uma fonte de inspiração para todas as mulheres que participam da Marcha das Margaridas, e é por isso que elas seguem em marcha, lutando por seus direitos e por um Brasil mais justo e igualitário.
A Marcha das Margaridas é uma manifestação poderosa que reúne mulheres de todo o Brasil e de outros países, com o objetivo de lutar pelos direitos das mulheres e promover mudanças significativas na sociedade. Através das pautas debatidas durante o evento, as participantes buscam chamar a atenção para diversas questões, como igualdade de gênero, violência contra as mulheres, direitos territoriais, meio ambiente, saúde, educação e acesso à internet. A expectativa é que a marcha seja um marco na luta pelos direitos das mulheres e que as autoridades presentes possam anunciar medidas concretas para atender às demandas das margaridas. A história de Margarida Maria Alves, assassinada por sua luta pelos direitos trabalhistas, inspira as participantes a continuarem em marcha, em busca de justiça e dignidade.