Confiança dos serviços sobe em março, para maior nível no ano

Confiança dos serviços SOBE em março e alcança maior nível no ano

Índice de confiança da indústria também avançou no mês, para maior nível em cinco meses

Após iniciar o ano com o pessimismo em alta, o setor de serviços mudou a trajetória e passou a acreditar em um cenário mais positivo para a economia brasileira. De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), o Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 2,6 pontos em março, para 91,7 pontos.

Em resumo, esse é o maior nível desde dezembro do ano passado (92,2 pontos), ou seja, o melhor resultado de 2023. Aliás, o avanço sucede cinco meses consecutivos de queda do ICI, período em que acumulou uma forte perda de 10,0 pontos e atingiu o menor patamar em quase dois anos.

Embora tenha avançado no mês, o resultado de março ainda indica pessimismo do setor, mesmo com a melhora das percepções sobre o momento atual e as perspectivas futuras do Brasil. A propósito, o ICI mede o grau de otimismo dos empresários do setor de serviços no país.

Vale destacar que resultados abaixo de 100 pontos indicam pessimismo, enquanto números acima dessa faixa refletem o otimismo do setor. Em suma, o resultado de março, abaixo de 92 pontos, indica que o grau de pessimismo dos empresários está mediano, e não apenas superficial.

“Após cinco meses de quedas consecutivas, confiança do setor de serviços subiu. Apesar do resultado positivo, a confiança recupera apenas cerca de 20% do que foi perdido nos últimos meses, disse o economista da FGV, Rodolpho Tobler.

Expectativas com o futuro melhoram

De acordo com o FGV IBRE, o ICS é composto por dois indicadores. O primeiro é o Índice de Situação Atual (ISA-CST), que avançou 2,1 pontos em março, para 93,1 pontos, interrompendo a tendência de queda observada nos cinco meses anteriores.

Da mesma forma, o segundo componente do ICS, o Índice de Expectativas (IE-S), subiu 3,0 pontos em março, segunda alta consecutiva, após quatro meses de queda. Assim, o indicador chegou a 90,4 pontos, maior nível desde novembro de 2022 (90,7 pontos).

“Há uma percepção de melhora disseminada nos dois horizontes temporais, mas ainda concentrada em alguns segmentos e por isso ainda é cedo para imaginar uma reversão da tendência negativa”, explicou Tobler.

“Os efeitos da desaceleração econômica ainda se mantém presentes com um nível de atividade ainda mais fraco da atividade influenciado pela manutenção das elevadas taxas de juros, resistência da inflação e incerteza político econômica”, acrescentou o economista.

O FGV IBRE destacou que o Índice de Confiança de Serviços (ICS) reflete um cenário negativo no país em 2023. “Mesmo com esse último resultado positivo, o primeiro trimestre da confiança de serviços foi negativo, com queda marginal”, explicou a entidade.

“Apesar de ser um setor que demorou mais a se recuperar e também a sentir a desaceleração da economia, esse já é o segundo trimestre de queda na confiança do setor e de forma disseminada, reforçando o cenário de atividade mais fraca para o setor”, avaliou o FGV IBRE.

Confiança da indústria também avança em março

Os empresários industriais do país também se mostraram mais otimistas em março. Segundo o FGV IBRE, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 2,4 pontos no mês passado, para 94,4 pontos.

Em síntese, esse é o maior nível desde outubro de 2022 (95,7 pontos), ou seja, em cinco meses. Aliás, o resultado positivo sucede o patamar de fevereiro, que foi o mais fraco em quase dois anos. Isso quer dizer que os empresários da indústria brasileira ainda estão pessimistas, quase tanto quanto em meados de 2020, nos primeiros meses da pandemia da covid-19.

Da mesma forma que o Índice de Confiança de Serviços (ICS), taxas do ICI abaixo de 100 pontos também refletem pessimismo do setor. No entanto, nesse caso, o pessimismo dos empresários industriais foi um pouco menor que o observado nos serviços.

“Após dois meses em queda, a confiança da indústria voltou a subir em março influenciada pela melhora das expectativas em relação aos próximos meses” disse Stéfano Pacini, economista do FGV Ibre.

“Há uma perspectiva mais favorável para a produção e novas contratações que parece mirar um horizonte melhor da tendência dos negócios nos próximos seis meses. Contudo, os empresários ainda percebem dificuldades, enfrentando os problemas no escoamento dos estoques, fruto do nível baixo de atividade no momento”, acrescentou.

Indústria está mais confiante com o futuro

Em resumo, o ICI possui dois componentes, um sobre o presente e outro que reflete as expectativas com o futuro. Em março, o Índice Situação Atual (ISA) recuou 1,3 ponto, para 91,5 pontos, menor nível desde julho de 2020 (89,1 pontos).

Por outro lado, o Índice de Expectativas (IE) saltou 6,1 pontos, para 91,4 pontos, impulsionando a confiança dos empresários industriais no mês. Esse é o maior patamar do indicador desde setembro de 2022 (98,0 pontos).

Ambos os componentes seguem acima de 90 pontos. Isso quer dizer que há pessimismo dos empresários industriais, tanto em relação ao momento atual quanto ao futuro, mas a falta de confiança não é tão intensa. Ainda assim, o resultado positivo de março não é uma sinalização de trajetória de alta do ICI.

“Apesar da sinalização positiva, é necessário cautela considerando o cenário ainda de alta incerteza econômica”, explicou Stéfano Pacini.

Por fim, a alta da confiança da indústria em março foi observada em 13 dos 19 segmentos pesquisados. Em outras palavras, o avanço foi homogêneo, atingindo a maioria do setor industrial.

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