Os consumidores brasileiros nunca estiveram tão confiantes nos últimos anos com a economia do país quanto em junho de 2023. Diversos fatores impulsionaram o otimismo das pessoas neste mês, como a desaceleração da inflação e a expectativa de redução dos juros em breve.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 4,1 pontos em junho, após registrar uma leve alta no mês anterior. Com isso, o indicador chegou a 92,3 pontos, maior patamar desde fevereiro de 2019 (94,5 pontos), ou seja, em mais de quatro anos.
Embora tenha avançado em maio, a confiança do consumidor continua abaixo da marca dos 100 pontos, mas cada vez mais próximo dessa faixa, que reflete neutralidade. A saber, níveis inferiores a 100 pontos indicam pessimismo dos consumidores, enquanto valores superiores a essa marca representam otimismo.
“Em junho, a recuperação da confiança do consumidor foi motivada tanto pela melhora da percepção sobre a situação corrente quanto das expectativas para os próximos meses, além de ter sido disseminada entre todas as faixas de renda da pesquisa“, explicou Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE.
Otimismo com presente e futuro impulsiona confiança
Em junho, o avanço do ICC foi impulsionado pela percepção sobre a situação atual do país e pelas perspectivas em relação ao futuro. Em suma, o ICC possui dois componentes, o Índice de Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que seguiram a mesma direção neste mês.
Segundo o levantamento, o ISA avançou 4,4 pontos, para 75,7 pontos, alcançando o maior nível desde março de 2020 (76,1 pontos). Isso quer dizer que as preocupações trazidas pela pandemia da covid-19 foram praticamente superadas no país, que se aproximou do nível registrado no mês de decretação da pandemia.
Por sua vez, o IE subiu 3,6 pontos em junho, após alta de 2,8 pontos no mês anterior. Com isso, o componente chegou a 104,0 pontos, atingindo o maior nível em mais de quatro anos.
Além disso, o IE ultrapassou com mais força a marca de 100 pontos, indicando otimismo dos consumidores com o futuro. Por outro lado, o indicador referente à situação atual do país continua muito abaixo de 100 pontos, apesar do forte avanço mensal.
“Apesar de parte dos indicadores alcançarem os melhores resultados dos anos recentes, ainda é cedo para confirmar uma melhora sustentada da confiança dos consumidores, principalmente porque a situação financeira das famílias ainda registra nível bastante insatisfatório, sendo um dos principais problemas do consumidor o alto endividamento“, ponderou Anna Carolina.
Inflação desacelera e juros podem começar a cair
Além disso, em junho, dois principais fatores ajudaram a impulsionar a confiança dos consumidores no país: a desaceleração da inflação e a expectativa de redução dos juros, como já mencionados.
Entre o final de 2022 e o início de 2023, a inflação e os juros elevados derrubaram a confiança dos consumidores. Contudo, o cenário atual do país vem indicando um caminho diferente daquele previsto no final do ano passado.
Anteriormente, as expectativas eram de inflação estourando a meta e juros permanecendo em patamar elevado no país. Entretanto, a taxa inflacionária vem desacelerando cada vez mais, aliviando o bolso dos consumidores, que já começaram a perceber a pouca variação nos preços dos produtos nos supermercados.
No caso dos juros, a taxa Selic continua em 13,75% ao ano, maior patamar desde novembro de 2016. No entanto, as expectativas para uma redução dos juros nas próximas reuniões do Banco Central (BC) animam o mercado, que já acredita em uma forte aceleração da atividade econômica brasileira.
Confiança cresce entre todas as faixas de renda
No mês de junho, a confiança dos consumidores cresceu entre todas as faixas de renda. Em síntese, o crescimento mais expressivo foi registrado entre os mais ricos, seguido pelos brasileiros com a menor faixa pesquisada.
Confira abaixo o índice de confiança dos consumidores por faixa de renda:
- Até R$ 2.100: 89,1 pontos;
- Entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800: 84,3 pontos;
- Entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600: 94,8 pontos;
- Acima de R$ 9.600: 97,2 pontos.
Cabe salientar que o maior crescimento da confiança veio das famílias de maior rendimento (+6,7 pontos), cujo indicador estava em 90,5 pontos em maio. Em seguida, ficaram as seguintes faixas de renda: ate R$ 2.100 (+2,5 pontos), entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600 (+1,2 ponto) e entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800 (+0,5 ponto).
Embora todas as faixas tenham registrado crescimento da confiança, as taxas seguem abaixo da marca de 100 pontos, que indica neutralidade.