Os empresários da construção se mostraram mais pessimistas em relação à atividade econômica do Brasil em outubro deste ano. Após subir por três meses consecutivos, a confiança do setor voltou a cair neste mês, refletindo um momento um pouco mais tenso no país.
Em resumo, o recuo de 1,8 ponto foi o mais expressivo desde novembro do ano passado, ou seja, dos últimos 11 meses. Com o acréscimo deste resultado, o Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu para 96,3 pontos. Ainda assim, na média móvel trimestral, o indicador subiu 0,4 ponto.
“A queda na confiança de outubro foi a maior desde novembro do ano passado, devolvendo assim parte da melhora dos últimos meses. O maior pessimismo no setor foi disseminado em quase todos os segmentos“, disse Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou os dados nesta quinta-feira (26).
Vale destacar que o ICST segue em patamar levemente pessimista. Em suma, taxas superiores a 100 pontos indicam otimismo dos empresários. Por outro lado, taxas inferiores a essa marca refletem o pessimismo da construção.
Nos últimos meses, as variações do ICST ficaram no campo positivo, indicando crescimento da confiança dos empresários, mas o resultado reverteu a trajetória em outubro.
Presente e futuro derrubam confiança
Em suma, o ICST é composto por dois indicadores, o Índice de Situação Atual (ISA-CST) e o Índice de Expectativas (IE-CST). Em outubro, os índices seguiram os mesmos caminhos, influenciando negativamente a confiança dos empresários da construção.
Segundo o FGV IBRE, o ISA-CST caiu 1,9 ponto neste mês, para 94,6 pontos. Com isso, o indicador ficou um pouco mais distante da marca de 100 pontos, que reflete a neutralidade da confiança dos empresários.
O recuo em abril aconteceu devido aos dois componentes do ISA-CST, já que ambos registraram queda. O primeiro deles, que reflete a situação atual dos negócios, caiu 0,9 ponto, para 93,8 pontos. Já o segundo componente, o indicador de carteira de contratos, recuou 2,8 pontos, para 95,4 pontos.
Por sua vez, o IE-CST também caiu em outubro, mas a queda foi levemente menor que a do ISA-CST. De todo modo, ambos os resultados derrubaram a confiança da construção no mês. Em suma, o indicador recuou 1,6 ponto, para 98,2 pontos.
Esse resultado do índice de expectativas aconteceu exclusivamente devido à piora do indicador de demanda prevista nos próximos três meses, que caiu 3,7 pontos, para 98,8 pontos. Em contrapartida, o indicador de tendência dos negócios variou positivamente no mês (0,5 ponto), para 97,6 pontos.
Todos os resultados ficaram abaixo da marca de 100 pontos, indicando leve pessimismo dos empresários do setor em outubro.
Queda da confiança pode ser pontual
De acordo com a coordenadora Ana Maria Castelo, o resultado de outubro ligou o sinal de alerta, principalmente porque a queda foi generalizada na construção civil.
“Vale destacar o aumento expressivo das assinalações que apontam a carteira de contratos abaixo do normal na infraestrutura, cenário que os projetos do PAC podem reverter. Ainda assim, as empresas do segmento são as mais otimistas com a demanda dos próximos meses.”, disse a coordenadora.
Entretanto, o resultado observado pode ter sido apenas pontual, ou seja, o índice de confiança poderá voltar a subir nos próximos meses, assim como estava acontecendo anteriormente.
“Enfim, a piora pode ser um revés pontual, resultado de dificuldades com os negócios em um contexto de mão de obra mais cara e difícil ou refletir um ritmo aquém do esperado dos novos negócios“, ponderou Maria Castelo. “Nos próximos meses será possível confirmar se houve, de fato, essa inflexão do ciclo esperado“, acrescentou.
Falta de mão de obra qualificada
A coordenadora do FGV IBRE também destacou que outubro foi o segundo mês consecutivo em que a falta de mão de obra qualificada superou a demanda insuficiente. Este foi um dos fatores que limitou a melhoria dos negócios da construção civil do país, segundo o levantamento.
“A questão está assumindo uma dimensão importante, preocupando as empresas e começando a impactar os custos“, avaliou Ana Castelo.
Por fim, o levantamento também mostrou que o Nível de Utilização da Capacidade (NUCI) da Construção teve uma leve queda de 0,1 ponto em outubro, para 79,3%. Esse resultado ocorreu devido à queda de 0,1 ponto percentual do NUCI de Mão de Obra, para 80,6%, e do recuo de 0,4 ponto percentual do NUCI de Materiais e Equipamentos, para 72,6%.