Até o último dia 14 de abril, os brasileiros sacaram R$ 46,29 bilhões a mais do que realizaram de depósitos na caderneta de poupança. Este ano marca um recorde de saques para a aplicação mais tradicional dos brasileiros, de acordo com o que foi informado nesta última segunda-feira (25), pelo Banco Central do Brasil. Os dados vêm após um período em que haviam sido interrompidos os boletins sobre os saques e depósitos da poupança.
Por conta da greve dos servidores do Banco Central do Brasil, o relatório havia parado de ser divulgado nas últimas semanas, mas agora a apresentação dos dados da poupança estão sendo gradualmente retomados. Apenas em março, os brasileiros sacaram R$ 15,36 bilhões a mais do que realizaram em depósitos na poupança.
Primeiros meses do ano são marcados por saques na poupança
De maneira geral, os primeiros meses do ano já são marcados por um alto volume de saques na poupança. Os brasileiros precisam lidar com o pagamento de impostos e despesas como material escolar, além do parcelamento de compras que aconteceram em datas comemorativas e impactam as contas no início do ano.
Em 2020, a poupança registrou uma captação líquida, que são os depósitos já descontados dos saques, um recorde de R$ 166,31 bilhões. Isso contribuiu para um nível de maior estabilidade dos títulos públicos em meio à pandemia de Covid-19 e o pagamento do Auxílio Emergencial, que foi depositado nas contas do Caixa Tem.
Durante 2021, a poupança registrou uma retirada líquida de R$ 35,5 bilhões, com a aplicação sendo pressionada pelo fim dos pagamentos do Auxílio Emergencial, rendimentos baixos e o aumento das dívidas dos brasileiros. Dessa maneira, a retirada líquida do último ano só não foi maior que em 2015 e 2016.
Rendimento baixo afasta mesmo quem tem dinheiro para investir
Até pouco tempo, a poupança rendia apenas 70% da taxa básica de juros Selic, usada para servir como uma referência da economia nacional. Desde dezembro de 2021, com uma série de alterações que ocorreram, a aplicação passou a valer o equivalente à taxa referencial, mais 6,17% ao ano, visto que a Selic voltou a ficar acima de 8,5% ao ano.
Mesmo com o aumento dos juros, isso foi insuficiente para fazer com que a caderneta de poupança pudesse render ao menos o mesmo que a inflação no acumulado dos últimos 12 meses, mais precisamente rendendo apenas 4,34% de acordo com o que foi informado no Banco Central, no mesmo período. A inflação chega a 11,13% nos últimos 12 meses.
O investimento na poupança de fato não está sendo mais vantajoso, porém é possível encontrar outras opções para a renda fixa no mercado, que oferecem títulos pagando o acumulado do IPCA nos últimos 12 meses mais uma taxa adicional. Investimentos que geralmente não requerem muito dinheiro, como um CDB do Banco Pan, podem ser encontrados por R$ 1.000 e com retorno maior dentro de um ano.