“Cenário é bastante sombrio”, diz médica que negou convite de Bolsonaro para assumir Saúde - Notícias Concursos

“Cenário é bastante sombrio”, diz médica que negou convite de Bolsonaro para assumir Saúde

A médica Ludhmila Hajjar, a mais cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar de Eduardo Pazuello, disse que negou o convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por falta de “convergência técnica” entre as partes.

Ao contrário do governo federal, em entrevista à Globo News, a médica defendeu medidas de isolamento social para reduzir o número de mortes por Covid-19 no Brasil. Ludhmila também ressaltou a importância da vacinação e afirmou que o “cenário no Brasil é bastante sombrio”.

“Penso pra isso neste momento, para reduzir as mortes, tem que reduzir a circulação das pessoas, de maneira técnica e respaldada por dados científicos.”, disse a médica.

Segundo Ludhmila, o Ministério da Saúde deveria orientar as equipes médicas sobre como agir no tratamento de pacientes com Covid-19 e dedicar menos esforços em remédios sem eficácia comprovada contra a doença.

“O Brasil precisa de protocolos, e isso é pra ontem. (…) Nós estamos discutindo azitromicina, ivermectina, cloroquina. É coisa do passado. A ciência já deu essa resposta. Cadê um protocolo de tratamento? (…) Perdeu-se muito tempo na discussão de medicamentos que não funcionam.”, afirmou.

A médica tinha respaldo de integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), que cobravam que alguém com “competência técnica” assumisse o Ministério da Saúde. Ludhmila espera que o novo ministro represente uma mudança na gestão da pandemia pelo governo federal.

“É um desejo meu que quem vá substituir o Pazuello tenha autonomia. Depende uma mudança do governo, do que pensa sobre a pandemia.”

Médica sofreu ataques de apoiadores de Bolsonaro

Assim que passou a ser cotada para assumir o Ministério da Saúde, a médica Ludhmila Hajjar foi alvo de ataques nas redes sociais de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Isso porque ela já deu depoimentos contrários ao chamado ‘tratamento precoce’ e em defesa do isolamento social.

Além dos ‘ataques virtuais’, a médica relatou que recebeu ameaças e chegaram a tentar invadir o hotel onde está hospedada em Brasília.

“Nestas 24 horas houve uma série de ataques a mim. (…) Estou num hotel em Brasília, e houve três tentativas de entrar no hotel. Pessoas que diziam que estavam com o número do quarto e que eu estava esperando-os. Diziam que eram pessoas que faziam parte da minha equipe médica. Se não fossem os seguranças do hotel, não sei o que seria…”

A médica voltará nesta segunda para São Paulo, onde é supervisora da área de Cardio-Oncologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora de cardiologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.

Obrigado por se cadastrar nas Push Notifications!

Quais os assuntos do seu interesse?