As lojas Americanas estão passando por um dos momentos mais delicados de sua história no Brasil. Depois do anúncio de que a rede tem um rombo de mais de R$ 40 bilhões, as ações da empresa despencaram na bolsa de valores. Hoje, o futuro da rede é incerto, e este cenário vem preocupando os trabalhadores da empresa.
Embora a Americanas não venha se pronunciando publicamente sobre o assunto, informações de bastidores colhidas pelo jornal Folha de São Paulo, dão conta de que inicialmente, não há nenhuma demissão prevista. Contudo, é possível que este cenário mude no decorrer das próximas semanas.
Os dados mais recentes da empresa mostram que eles contam hoje com mais de 44 mil empregados em lojas de todo o país. Ainda segundo estas informações, 85% destes são funcionários permanentes e outros 15% são temporários. Este desenho se refere ao ano de 2021, mas a tendência é que o cenário atual seja semelhante.
Segundo juristas, caso as Americanas declarem falência ou entrem em processo de recuperação judicial, os funcionários são naturalmente demitidos. Contudo, a lei exige que neste caso os trabalhadores da rede tenham prioridade no recebimento de vencimentos trabalhistas, isto é, a empresa precisa pagar este valor para eles antes de mais nada.
Contudo, a realidade prática tende a ser menos doce do que as palavras da lei. Quando uma empresa decreta falência ou entra em recuperação judicial, normalmente a relação com os trabalhadores se complica. Há casos de grandes empresas que faliram há mais de duas décadas e ainda não pagaram todos os direitos aos seus trabalhadores.
Enxugamento
Outra possibilidade não desejada pelos empregados da rede é que a loja não decrete falência ou recuperação judicial e opte apenas pelo enxugamento dos custos. Neste caso, lojas poderiam ser fechadas e alguns empregados demitidos.
Decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) indica que os sindicatos que representam a categoria podem participar de reuniões para tentar garantir mais direitos aos demitidos, mas a Reforma Trabalhista impede qualquer tipo de poder de decisão destes sindicatos.
Assim, é até possível que o sindicato participe deste processo e tente influenciar a decisão, mas no final das contas é o empregador quem decide se vai realizar uma demissão em massa ou não.
Sindicato visita Americanas
O Sindicato dos Comerciários de São Paulo iniciou nesta semana uma rodada de visitas a algumas lojas Americanas no estado. A ideia é conversar com os trabalhadores para entender como está o clima dentro destas lojas neste momento.
“Infelizmente, no Brasil, nós tivemos muitas experiências de falências, como Casa Centro, Mesbla, Mappin e outras. Estamos tomando medidas preventivas, caso isso venha a acontecer, porque o valor é exorbitante e o número de funcionários é enorme, são 40 mil no país. Não queremos que tenha consequências sobre os trabalhadores“, diz Ricardo Patah, o presidente do sindicato.
“Muitas vezes, os trabalhadores, no local, têm sensibilidade e sabem nos informar, antes de qualquer procedimento que se torne público. Além da visita às lojas, nosso site também vai informar aos trabalhadores da Americanas que nos procurem caso percebam qualquer tipo de movimentação diferente”, disse ele.