O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que o Brasil deve focar em reformas estruturais para impulsionar a atividade econômica.
De acordo com ele, essa medida poderá fazer o país reduzir as chamadas taxas neutras, que não estimulam, nem desestimulam a economia. Aliás, ele destacou que o Brasil quase não fez reformas, quando comparado a outras nações emergentes.
Ele afirmou que os números do país refletem uma taxa neutra mais alta, bem como uma dívida mais elevada e um “crescimento estrutural” menor.
“Passamos muito tempo falando sobre a Selic, se ela vai subir ou descer, mas quando olhamos à frente, precisamos focar no fato de que precisamos de reformas estruturais“, disse Campos Neto.
A saber, a Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Atualmente, a taxa Selic está em 13,75% ao ano, maior patamar desde novembro de 2016, ou seja, em seis anos e meio.
Campos Neto fez essa declaração durante um evento promovido pelo BC, na última sexta-feira (19). Em resumo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem criticando recorrentemente a elevada taxa de juros do país, apontando esse como o principal fator para a falta de crescimento econômico do país.
“Precisamos fazer coisas que baixem as taxas neutras. Quando eu vejo todas as reformas que estão sendo feitas em países emergentes, vejo que aqui não fizemos quase nada de movimentações nesse sentido. E precisamos fazer algo, porque esse endividamento, a taxa neutra mais alta e o crescimento baixo não são bons para o Brasil“, afirmou.
Presidente do BC defende combate à inflação
O presidente do BC também ressaltou que a entidade financeira tem a obrigação de se manter vigilante em relação à inflação no Brasil. Em suma, o BC continuará a atuar para combater o avanço da taxa inflacionária no país.
“Devemos perseverar na inflação e trazê-la para a meta“, disse Campos Neto. Por falar nisso, o presidente Lula também já criticou a meta da inflação no Brasil, uma vez que isso faz o BC continuar a manter os juros elevados no país.
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para inflação do país todos os anos. E cabe ao BC agir para cumprir essa meta, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
O problema, segundo Lula, é que essa meta é muito difícil de ser alcançada. Para isso, o BC precisa manter a taxa Selic elevada, e isso impede o crescimento econômico do país.
A propósito, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de produtos e serviços no país. Quanto mais alta a Selic estiver, mais altos ficarão os juros no país, no geral.
Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia. Esse cenário ajuda a controlar a inflação, mas dificulta a vida da população, e o presidente Lula quer que isso mude o mais rapidamente possível.
Inflação e juros devem cair no país
A semana ficou marcada por um grande anúncio feito pela Petrobras. Em síntese, a companhia extinguiu a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), que estava em vigor desde 2016.
Em resumo, a antiga política da Petrobras se baseava no mercado externo para definir quando iriam ocorrer novos reajustes nos preços dos combustíveis. Contudo, a nova política da companhia vai passar a considerar fatores internos para definir novos reajustes.
Aliás, a companhia não só modificou a sua política PPI, mas também anunciou a redução da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha. Os novos valores entraram em vigor no Brasil na última quarta-feira (17).
A propósito, o governo federal acredita que a nova política da Petrobras ajudará a controlar a inflação no Brasil. Isso porque os combustíveis exercem uma influência muito expressiva no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país.
Caso isso realmente aconteça, o Banco Central poderá reduzir a taxa de juros no Brasil. Inclusive, essa é a expectativa do governo federal, que torce para que isso aconteça já na próxima reunião Comitê de Política Monetária do BC.