O movimento Renda Básica que Queremos, a partir de dados divulgados pelo Ministério da Cidadania, demostrou que 43% das pessoas que receberam o Auxílio Emergencial no ano passado tiveram o benefício cortado para este ano.
São mais de 29 milhões de brasileiros que ficaram sem o Auxílio Emergencial. Este número é 70% maior do que o previsto pelo Governo federal, que era de 17 milhões. Desse modo, apenas 39 milhões de pessoas receberão o benefício.
Esse corte no alcance do auxílio se deve às novas restrições impostas pelo Governo Federal. Anteriormente em 2020 não havia limite de renda total para as famílias, e a renda per capita máxima era de um salário mínimo e meio. No entanto, este ano a renda total da família não pode exceder três salários mínimos (R$3.300), e a renda per capita está limitada a meio salário mínimo (R$550).
Os valores do benefício também foram alterados, e agora as parcelas variam de R$150 a R$375. Para quem mora sozinho o valor é de R$150, já para famílias de duas ou mais pessoas o valor é de R$250. Por fim, mulheres chefes de família sem cônjuge com pelo menos uma pessoa menor de idade receberão R$375.
A importância do Auxílio emergencial
A crise econômica causada pela pandemia de coronavírus vem afetando muito os brasileiros. Já são 14,5% de desempregados, segundo cálculos feitos pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo IBGE.
“Não temos vacina em quantidade suficiente e temos pesquisas que mostram o agravamento da fome no país. E o que o governo faz? Reduz a base de beneficiários, quando sabemos que não está cortando ‘gordura’, mas tirando quem mais precisa de proteção social neste momento” desabafa Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica.
Um estudo feito pela Fintech Neon mostrou que 77% dos clientes da empresa, que receberam o Auxílio Emergencial no ano passado, utilizaram o cartão Neon em supermercados. Isso demonstra que as pessoas dependem do auxílio para comprar comida, ou seja, para sobreviver.
“Os números revelam que o cliente que trouxe o auxílio do Governo realmente tende a gastar mais com necessidades básicas, o que reforça a importância do benefício como renda principal para milhões de brasileiros”, explica Tadeu Rocha, diretor de negócios da Neon.
Além disso, outro problema é que grande parte dos brasileiros que receberão o Auxílio Emergencial neste ano receberão o valor mínimo de R$150. Segundo levantamento do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira (Cemif) da Fundação Getúlio Vargas essa parcela chega a 43% dos beneficiários.
Cerca de 20 milhões de pessoas que moram sozinhas receberão apenas R$150 do Auxílio Emergencial. “43% das pessoas vão receber R$150 e há evidências de que esse valor não compensa as perdas derivadas pela pandemia. É possível perceber isso em diversos cortes, seja por gênero, estado ou raça”, diz o pesquisador Lauro Gonzalez.