Os brasileiros estão cada vez mais atentos às notícias sobre a economia do país. No ano passado, a polarização entre os candidatos à presidência fez muita gente aprofundar suas pesquisas sobre os temas econômicos. E, em 2023, esse cenário se fortaleceu, com a população aumentando seus conhecimentos sobre a economia do Brasil.
A saber, o Banco Central (BC) divulga semanalmente o relatório Focus, que traz projeções de analistas de mais de 100 empresas do mercado financeiro sobre indicadores econômicos do país. E, nesta segunda-feira (16), os dados refletiram o aumento do pessimismo com o futuro do país.
Em síntese, os analistas elevaram pela quinta semana consecutiva suas projeções para a inflação do Brasil em 2023. Nesta atualização do relatório Focus, as estimativas para a taxa inflacionária passaram de 5,36% para 5,39%, ficando ainda mais distante da meta para este ano.
CMN define meta da inflação
Todos os anos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para inflação do país. E cabe ao BC agir para cumprir essa meta, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios. Aliás, veja abaixo alguns desses benefícios:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação brasileira, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também determina um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária. Assim, valores dentro desse intervalo indicam que a inflação foi formalmente cumprida.
Contudo, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, algo bastante negativo para a população, que sofre para comprar produtos e contratar serviços ainda mais caros do que os do ano anterior.
Inflação deverá perder força em 2024
Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado uma inflação mais elevada que o esperado. Em síntese, a pandemia da covid-19 impactou as cadeias globais de suprimentos, afetando toda a logística global. Com isso, a oferta ficou limitada, mas a demanda se recuperou em 2021, após os fortes impactos observados em 2020.
O resultado disso foi o aumento expressivo dos preços de bens e serviços, que caracterizam a inflação. E, quanto mais elevada a taxa inflacionária, maior o custo de vida da população. O problema é que a pandemia provocou a perda de milhões de empregos em todo o mundo, e as pessoas não conseguiram manter os mesmo hábitos de consumo.
Em 2022, as cadeias globais de suprimentos estavam começando a se estabilizar, mas a guerra entre Rússia e Ucrânia agravou a situação global. As pessoas viram os preços de diversos itens dispararem, principalmente o das commodities.
A inflação global só não subiu ainda mais no ano passado graças à atuação dos Bancos Centrais, que passaram a elevar os juros com mais intensidade. No Brasil, o BC elevou 12 vezes consecutivas o juro da economia entre 2021 e 2022. Com isso, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.
Aliás, a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos. Por isso, a inflação do Brasil deverá perder força realmente em 2024.
Para o ano que vem, os analistas projetam uma taxa inflacionária de 3,70%, bem abaixo dos mais de 5,00% projetados para este ano. E o nível deverá continuar entre 3,00% e 4,00% nos anos seguintes, refletindo o controle inflacionário no Brasil.
PIB brasileiro mais fraco em 2023
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro reduziu levemente as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 0,78% para 0,77%.
A saber, esta é a segunda queda consecutiva da taxa, indicando menor otimismo com a atividade econômica do Brasil neste ano.
Já para 2024, as projeções se mantiveram em 1,50%, ou seja, o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem, uma vez que os impactos da inflação deverão ter sido superados no país.
Por fim, os analistas voltaram a elevar suas estimativas para a taxa Selic neste ano. Em suma, o mercado financeiro projeta uma taxa de juros de 12,50% ao ano em 2023. Já para o ano que vem, a taxa Selic deverá ficar em 9,25%, patamar ainda elevado.