De acordo com um levantamento feito pela consultoria Idados, o Brasil nunca havia atingido um número tão alto de trabalhadores que recebem apenas um salário mínimo, que está atualmente em R$ 1.100.
Além da baixa remuneração, o país passa por um momento de inflação alta, que se aproxima de 10% no acumulado dos últimos 12 meses e afeta sobretudo as famílias com menores ganhos.
No momento, 30,2 milhões de brasileiros estão sobrevivendo com apenas um salário mínimo por mês, marca esta que atingiu um patamar recorde. Para os especialistas, as pessoas estão encontrando um mercado de trabalho diferente, onde muitas empresas quebraram, faliram.
Com um salário mínimo tão baixo e com falta de emprego, mercado vem se tornando informal
Muita gente tem entrado no mercado de trabalho por conta própria, mas mesmo conseguindo embalar uma atividade por seus meios, essas pessoas dificilmente têm rendimentos maiores do que aqueles que estão empregados no mercado de trabalho e com carteira assinada.
Considerando os trabalhadores ocupados no Brasil, o índice que recebe apenas um salário mínimo atinge 34,4% da população. Este é o ponto mais alto da história desde 2012. O momento reflete que mesmo que os brasileiros consigam um emprego, seja na informalidade ou por conta própria, serão mal remunerados.
Essa dificuldade ganha contornos ainda mais complicados quando pensamos em famílias que vivem todos os meses com um baixo orçamento. Praticamente todas as pessoas que recebem até um salário mínimo por mês mal conseguem chegar ao final do mês, pois a alta de produtos como alimentos, energia elétrica e combustível limita à investimentos adicionais.
Auge da situação econômica mais deplorável se deu durante a pandemia
Ao longo da série histórica que começou em 2012, o ano de 2020 e 2021 foi uma divisão de águas. Se no ano passado, com 17,6 milhões de pessoas, estávamos no número mais baixo de pessoas que recebiam até um salário mínimo no país, porém com a chegada da pandemia, atingimos esse recorde negativo.
Outro detalhe é a renda mal distribuída. Pouca parte da população recebe uma alta renda mensal, como acima de cinco salários mínimos. Porém quem ganha apenas para sobreviver é cada dia maior, o que mostra o declínio do prestígio que o Brasil está passando.
Pretos estão entre os mais prejudicados
Dos 30,2 milhões de trabalhadores que recebem até um salário mínimo, quase 20 milhões destes são pessoas pretas. 43,1% dos pretos que hoje estão ocupados recebem apenas R$ 1.100,00, sendo que o número vêm aumentando desde 2015, quando marcava 34,4%.
Para muitas famílias do Brasil é necessário fazer um milagre com o orçamento, apenas para garantir as necessidades básicas, como contas e com alimentação. Para muitos destes, já não é mais possível comer carne devido ao aumento desse produto nos supermercados.
Para 2022, é esperado que o reajuste do salário mínimo seja de R$ 92, saindo dos R$ 1.100 atuais para R$ 1.192, com um reajuste de 9%, o que hoje seria suficiente para acompanhar a inflação.