Os motoristas do país devem preparar o bolso. Nos próximos dias, a Petrobras pode anunciar um aumento significativo no valor da gasolina, capaz de pressionar o orçamento das famílias brasileiras.
De acordo com o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a empresa precisa elevar o preço da gasolina em 25% para zerar a defasagem nas distribuidoras. Caso isso realmente aconteça, o valor do combustível terá um forte aumento de 80 centavos por litro.
O que é defasagem dos preços?
Em resumo, a Petrobras comercializa combustíveis com as distribuidoras do país, que, por sua vez, vendem os combustíveis para postos de combustíveis e afins. Atualmente, a Petrobras está aplicando valores mais baixos que o mercado internacional, o que caracteriza defasagem dos preços.
A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) já expressou preocupação com a companhia, visto que a defasagem da gasolina está, atualmente, em 26% ante os preços internacionais. Em outras palavras, a Petrobras está comprando combustíveis mais caros e vendendo a preços mais baixos no país.
Na verdade, a empresa chegou a essa situação devido aos vários reajustes promovidos nos últimos meses. Em meados de maio, a Petrobras reduziu o valor da gasolina em 40 centavos por litro. Cerca de um mês depois, houve uma nova redução, dessa vez de 12 centavos. O último reajuste ocorreu no dia 1º de julho, de 14 centavos.
Isso quer dizer que o preço da gasolina ficou 66 centavos mais barato no país desde meados de maio, caindo de R$ 3,18 para R$ 2,52. Contudo, como a situação está quase insustentável, a companhia deverá aumentar os valores em breve.
Petrobras vai aumentar o preço da gasolina?
Segundo informações do colunista de O Globo, Lauro Jardim, a expectativa é que a Petrobras eleve o preço da gasolina nesta semana. Aliás, a companhia também deverá aumentar o valor do diesel, cuja defasagem está em 30% ante os preços internacionais.
Caso a empresa realmente eleve os valores dos combustíveis, essa será a primeira alta desde meados de junho do ano passado, quando a Petrobras elevou a gasolina em 5,18% e o diesel em 14,26%.
Por falar em reajustes, os cálculos feitos por Étore Sanchez, que indicam alta de 80 centavos, não deverão se concretizar. O próprio economista afirmou que é “pouquíssimo provável” que a Petrobras eleve tão fortemente o preço do combustível de uma única vez.
Petrobras responde por 35% do valor da gasolina
Cabe salientar que a Petrobras responde por 35% do valor da gasolina comercializada nos postos de combustíveis. A saber, o preço final dos combustíveis são compostos por outras variáveis, como mão de obra, margem de lucro e custos operacionais, por exemplo.
Isso quer dizer que a Petrobras responde por pouco mais de um terço do valor da gasolina. O restante é formado pelos próprios donos dos estabelecimentos, que definem os valores, conforme os seus custos.
A expectativa é que a petroleira eleve os preços da gasolina e do diesel, mas de maneira menos intensa. A propósito, a ANP já procurou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que assumiu o cargo no início deste ano, para expressar as preocupações com a defasagem dos preços da gasolina.
Vale destacar que Prates foi nomeado pelo Governo Federal para assumir o cargo, sendo este o principal acionista da empresa. Por isso mesmo, a indicação do governo sempre vence, pois possui a maioria dos votos dos acionistas ordinários.
Aumento dos preços pode ser maior para o consumidor
O valor que a Petrobras pode aumentar em relação à gasolina e ao diesel se refere às distribuidoras do país e não aos consumidores, que sempre pagam mais caro. Em síntese, os reajustes da Petrobras não chegam em sua totalidade ao consumidor final quando são reduções.
Por outro lado, quando a estatal eleva os valores, os postos de combustíveis acabam repassando o valor integral, e ainda aumentam esse reajuste. Por isso mesmo o valor comercializado para os consumidores finais é mais elevado do que os praticados pela Petrobras em relação às distribuidoras.
De acordo com os dados mais recentes do levantamento realizado pela ANP, referente à semana passada, o preço médio de revenda da gasolina foi de R$ 5,53 no país. Contudo, o valor médio de produção e importação do combustível foi de apenas R$ 2,60, ou seja, menos da metade do preço comercializado com o consumidor final.