A renda do trabalhador brasileiro segue em trajetória ascendente no país. No trimestre móvel de novembro de 2022 a janeiro de 2023, ou seja, do fim do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro e início do mandato Lula, o rendimento real habitual chegou a R$ 2.835. Isso representa um crescimento de 1,6% em relação ao trimestre móvel anterior.
Já na comparação com o trimestre encerrado em janeiro de 2022, o aumento da renda foi de 7,7%, um crescimento ainda mais expressivo. Em números reais, o trabalhador passou a receber R$ 203 a mais no país, visto que o rendimento médio era de R$ 2.632 há um ano atrás.
“Há alguns trimestres observamos um crescimento importante no rendimento dos trabalhadores, com o trimestre encerrado em janeiro sendo a terceira observação”, explicou Adriana Beringuy, coordenadora da PNAD Contínua.
Isso mostra que os trabalhadores de carteira assinada do Brasil se beneficiaram com o aumento da remuneração em 2022. Embora o aumento na renda possa parecer normal, até porque o salário mínimo também teve alta, a pandemia da covid-19 impactou fortemente o mercado de trabalho do país, reduzindo o rendimento dos profissionais.
A propósito, os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nessa semana.
Por sua vez, a massa de rendimento real habitual também cresceu no país em um ano. Segundo o IBGE, houve estabilidade na base trimestral, mas, na comparação anual, o indicador cresceu 11,9%. Com isso, a massa de rendimento chegou a R$ 275,1 bilhões no trimestre móvel de novembro de 2022 a janeiro de 2023.
Taxa de informalidade chega a 39% no trimestre
O levantamento do IBGE ainda mostrou que a taxa de informalidade no Brasil atingiu 39% da população ocupada no período. Esse percentual corresponde a 38,5 milhões de trabalhadores do país, enquanto a população ocupada somou 98,6 milhões de pessoas no período.
O IBGE também revelou que o desemprego no Brasil se manteve estável no trimestre móvel, atingindo 9 milhões de pessoas. Em resumo, os brasileiros ainda continuam enfrentando muitas dificuldades, como os juros elevados e a inflação, que voltou a acelerar nos últimos meses.
Além disso, a PNAD Contínua mostrou que a taxa da população na força de trabalho ficou estimada em 107,6 milhões no trimestre móvel encerrado em janeiro deste ano. Isso quer dizer que houve uma redução de 1 milhão de pessoas em relação ao trimestre móvel anterior, mas o dado ficou estável em relação a um ano atrás.
Já a população fora da força de trabalho somou 66,3 milhões no período, o que representa um crescimento de 2,2% na comparação trimestral (mais 1,4 milhão) e de 2,2% na base anual (acréscimo de 1,4 milhão).
População subocupada recua no país
A saber, o levantamento do IBGE é bastante amplo e traz dados de diversos pontos do mercado de trabalho brasileiro. Um deles se refere à população subocupada do país, que totalizou 5,2 milhões de pessoas no trimestre móvel de novembro de 2022 a janeiro de 2023.
Esse número representa uma queda de 12,6% na comparação trimestral (menos 754 mil pessoas) e de 24,4% na anual (menos 1,7 milhão).
Em síntese, esses dados evidenciam a recuperação do mercado de trabalho brasileiro em 2022, visto que os últimos anos foram muito difíceis para os trabalhadores do país devido à pandemia da covid-19, que provocou a perda de milhões de postos de trabalho.
Em 2022, o Brasil criou 2,03 milhões de empregos formais. Embora o dado seja expressivo e mostre a recuperação do mercado de trabalho, ainda não supera o resultado observado em 2021, quando o país gerou 2,776 milhões de empregos.
Subocupação limita crescimento da economia
Em suma, a população subocupada é composta por pessoas subutilizadas em seu trabalho, ou seja, que poderiam trabalhar mais do que realmente o fazem.
Segundo dados do IBGE, a taxa da população subocupada já estava bastante elevada no Brasil antes da pandemia. Com a chegada da crise sanitária, diversos profissionais sofreram com cortes de salário e redução da jornada de trabalho, o que agravou o quadro da subocupação no país.
Em resumo, a subocupação prejudica a recuperação do consumo, principal motor econômico do Brasil. Especialistas explicam que a pessoa subocupada trabalha menos do que gostaria e tende a receber uma remuneração igualmente menor.
Assim, sua renda diminui e ela tem mais dificuldades para manter o mesmo padrão de consumo de antes. Significa dizer que o brasileiro passa a gastar menos, já que o seu poder de compra está reduzido, e isso desaquece a economia.
Aliás, os investimentos nas atividades econômicas acontecem de maneira mais forte quando a economia está aquecida. Por isso, reduzir a subocupação no país é um grande passo para ter um crescimento mais firme da economia brasileira.