A Deputada Federal Bia Kicis, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, incitou um motim e exaltou um soldado da Polícia Militar da Bahia que efetuou dezenas de disparos em Salvador.
Nas primeiras horas desta segunda-feira (29), Bia Kicis se manifestou no Twitter em solidariedade ao PM morto após ser atingido por colegas.
Manifestação da deputada nas redes sociais
Inicialmente, a deputada usou suas redes sociais para defender o soldado:
“Soldado da PM da Bahia abatido por seus companheiros. Morreu porque se recusou a prender trabalhadores. Disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa da Bahia”, escreveu. “Esse soldado é um herói. Agora a PM da Bahia arou. Chega de cumprir ordem ilegal!”
Na manhã desta segunda-feira (29), no entanto, a deputada voltou ao Twitter para apagar o post e justificar a decisão:
“As redes se comoveram e eu também. Hoje cedo removi o post para aguardarmos as investigações. Inclusive diante do reconhecimento da fundamental hierarquia militar”, afirmou na ocasião.
A reação da deputada gerou fortes críticas de colegas parlamentares.
Dinâmica dos fatos
O soldado Wesley Soares chegou à região do farol da Barra por volta das 14h30 e rompeu as barreiras que isolavam a região, um dos principais pontos turísticos de Salvador.
Após ter passado cerca de quatro horas dando tiros para o alto, Wesley se manteve gritando palavras de ordem e provocando pânico entre moradores da região.
O policial estava fardado, armado com um fuzil e uma pistola e estava com o rosto pintado de verde e amarelo.
Em vídeos publicados por testemunhas apavoradas nas redes sociais, o policial gritou palavras de protesto, falando em desonra e violação da dignidade dos policiais.
“Comunidade, venham testemunhar a honra ou a desonra do policial militar do estado da Bahia”, gritou o policial militar em um dos vídeos, logo após ter dado um tiro para o alto com uma pistola.
Em outro momento, ele grita: “Não vou deixar, não vou permitir que violem a dignidade e honra do trabalhador”.
A região do Farol da Barra foi novamente isolada.
Comunicado das autoridades
Em nota, o Governo da Bahia confirmou que o policial estava passando por uma situação de “surto psicológico”.
Ainda segundo o governo baiano, o soldado “alternava momentos de lucidez com acessos de raiva, acompanhados de disparos”.
Wesley Soares foi baleado no início da noite do último domingo (28) após ter erguido um fuzil e disparado contra os colegas da PM que negociavam a sua rendição.
O soldado chegou a ser socorrido por uma ambulância e levado para o Hospital Geral do Estado, mas não resistiu aos ferimentos morreu na noite do último domingo (28).
Repercussão do caso
O comandante da Polícia Militar da Bahia, coronel Paulo Coutinho, afirmou nesta segunda-feira (29) que a Polícia Militar só atirou contra o soldado que protestou no Farol da Barra após ter sido alvo de disparos de fuzil.
O comandante da PM afirmou que as equipes que conduziram a negociação seguiram os protocolos internacionais de gerenciamento de crises, mas acabaram reagindo após terem sido atacados com tiros de uma arma de alta letalidade.
Um inquérito policial militar foi instaurado para apurar as circunstâncias da morte do soldado.