Chegou mais uma reunião do Banco Central (BC) para definir os novos caminhos da política monetária do Brasil. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne nesta terça-feira (20) em um encontro que dura dois dias. A reunião chegará ao fim na quarta-feira (21) e definirá a taxa básica de juros do país, a Selic.
Boa parte dos analistas do mercado financeiro acredita que a taxa não terá reajuste neste encontro, ou seja, deverá permanecer no mesmo patamar em que se encontra. Caso a previsão se confirme, a Selic seguirá em 13,75% ao ano, maior patamar desde novembro 2016.
Se o BC mantiver a taxa Selic no mesmo nível, essa será a sétima vez que isso acontecerá. Aliás, a manutenção da taxa Selic nesse nível irá suceder 12 avanços seguidos dos juros no Brasil, maior ciclo de aumento de juros já promovido pela entidade no Brasil.
Em resumo, o BC começou a apertar a política monetária no país em março de 2021, quando elevou pela primeira vez a taxa Selic. Daquele mês até agosto de 2022 houve apenas altas nos juros, que acabam corroendo a renda da população brasileira.
Ao atingir o maior patamar em quase seis anos, o BC entendeu que os juros estavam segurando a inflação no Brasil. Aliás, a taxa inflacionária, que chegou a superar 10% em 2021, perdeu força em 2022 e encerrou o ano abaixo de 6%. Ainda assim, ambas ficaram acima da meta definida para aqueles anos.
Taxa Selic limita crescimento da inflação no país
O principal objetivo do Copom ao elevar a Selic é segurar a inflação do país. Em suma, uma Selic mais alta puxa consigo os juros praticados no país, reduzindo o poder de compra do consumidor. Como consequência, desaquece a economia do país, limitando o avanço da chamada “inflação por demanda”.
Quando a Selic sobe, encarece o crédito, reduzindo a busca das pessoas por empréstimos. Dessa forma, o consumo tende a diminuir, uma vez que a população passa a ter menos dinheiro em mãos.
Como a demanda diminui, os preços começam a cair, desacelerando a inflação, mas isso só acontece com o tempo. Por isso que o BC ainda não reduziu a taxa Selic, apesar da desaceleração da inflação em 2022.
Aliás, é importante explicar que desaceleração não significa queda. Pelo contrário, os preços de bens e serviços subiram no ano passado, ficando mais caros que em 2021. A diferença é que a alta foi menor, mas ainda assim indicou encarecimento dos produtos e serviços no país.
De todo modo, vale destacar que uma inflação controlada traz diversos benefícios para a economia brasileira, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, o que permite um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
O problema é que a inflação, apesar da desaceleração observada em 2022, continua mais alta que o esperado no Brasil. Em meio a isso, a expectativa dos analistas é que o BC mantenha a taxa de juros estável mais uma vez.
Juros podem começar a cair no Brasil
Embora os analistas acreditem que o BC manterá a taxa Selic estável neste novo encontro, os juros poderão começar a cair na reunião seguinte. Em síntese, a inflação está perdendo força no país de maneira significativa nos últimos tempos, e esse é o principal fator que o BC leva em consideração para definir os caminhos da política monetária no Brasil.
De acordo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a taxa de juros pode ter um corte em breve. Ele disse que a “queda relevante” da curva futura de juros é um fator para o corte da taxa Selic, mas não disse quando isso irá acontecer de fato.
Entretanto, o presidente do BC disse que a autarquia precisa agir com “parcimônia”, afirmando que o BC não pode reduzir os juros de maneira artificial, ou seja, sem analisar criteriosamente o cenário atual e as projeções para o futuro do país. Caso isso aconteça, o BC poderá não alcançar o resultado almejado no que se refere ao controle da inflação no Brasil.
Por fim, os analistas do mercado financeiro reduziram suas projeções em relação à taxa inflacionária do país neste ano. A saber, a inflação no Brasil deverá ficar em 5,12% neste ano, taxa bem menor que a projetada na semana passada (5,42%). Esse é mais um indicativo de que o Copom poderá reduzir os juros já na próxima reunião.