Segundo os dados do Cadastro Único, o número de famílias unipessoais no Auxílio Brasil sofreu um aumento considerável. Estão, portanto, são aquelas que contam com apenas uma pessoa.
De acordo com alguns críticos, este aumento se dá em razão do formato do Auxílio Brasil. Isto é, que fornece o pagamento de uma quantia mínima sem levar em consideração a composição dos grupos familiares.
Além disso, os especialistas indicam que o Governo Federal vem realizando muitas modificações no programa e que há certa dificuldade de acesso aos serviços de assistência. Portanto, estes elementos causam uma divisão artificial dos lares brasileiros do Cadastro Único, ou seja, o principal banco de dados sociais do Governo Federal.
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Entenda melhor, abaixo, o que essas mudanças nos tipos de família do benefício podem significar.
Famílias unipessoais no Auxílio Brasil crescem
Desde a sua criação, o Auxílio Brasil contou com alguns aumentos de valor. Primeiramente, com um mínimo de R$ 400 e, agora, com o valor temporário de R$ 600. No entanto, estas mudanças na quantia se estenderam para todos os tipos de família, sem distinção, como acontecia no Bolsa Família.
Nesse sentido, de acordo com dados de setembro do Ministério da Cidadania, cerca de 25,8% das famílias que pertencem ao programa de transferência de renda são de apenas um integrante. Em novembro de 2021, contudo, em número representava 15,2% dos participantes do benefício.
Ademais, em comparação ao número total de inscrições para o Auxílio Brasil, somente famílias de um membro ou no máximo dois registraram crescimento entre o fim de 2021.
Entre novembro do ano passado a setembro deste ano o número de famílias unipessoais saltou de 15,2% para 25,8%. Isto é, o que representa um total de 5,3 milhões de famílias, de acordo com o Ministério da Cidadania.
A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado indica quanto estas famílias do Auxílio Brasil recebem.
Desse modo, a proporção de cidadãos que moravam sozinhos com renda per capita de até meio salário-mínimo era de 7,7%. Isto é, são pessoas que recebem até R$ 606.
Já as famílias do Auxílio Brasil com duas pessoas também aumentaram, indo de 24,3% para 26,3% no período de novembro do ano passado a setembro deste ano.
Na contramão destes dados, contudo, o número de famílias com três membros diminuiu, indo de 28% para 24,4%. Por fim, aquelas com quatro ou mais integrantes foi de 32,5% para 23,5%.
Novo formato influencia neste aumento
Especialistas indicam que o próprio modelo que o Governo Federal aplicou no Auxílio Brasil contribuiu para uma divisão artificial dos grupos familiares. Isto é, considerando que um valor mínimo foi pago para todos os beneficiários independente da constituição familiar dos participantes.
Assim, estes acreditam que a divisão de algumas famílias pode se tratar de uma manobra dos próprios cidadãos a fim de melhorar sua renda.
No entanto, estas novas configurações de família também pode ser fruto do modelo que a atual gestão implementou.
Anteriormente, o Bolsa Família contava com diferentes modalidades e valores que eram pagos de acordo com a configuração da família. Assim, a depender do número de crianças e adolescentes, por exemplo, a quantia final alterava.
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Contudo, com o valor mínimo de R$ 400 ou, agora, de R$ 600 do Auxílio Brasil tanto famílias de apenas uma pessoa como uma com seis membros, por exemplo, recebem o mesmo.
81,5% das famílias têm mulheres como RF
Além do crescimento de famílias unipessoais no Auxílio Brasil, o programa também conta com um grande número de mulheres como Responsável Familiar. Isto é, aquele membro que representa todo o núcleo.
Nesse sentido, de acordo com dados do Ministério da Cidadania, um total de 17,2 milhões dos lares apresentam esta configuração.
Isso representa um aumento em relação a setembro deste ano, quando eram 16,85 milhões de lares com RF mulheres.
Quando se considera as regiões do país, é possível verificar onde esse índice é maior:
- Centro-oeste lidera com um total de 86,8% das famílias com RF do sexo feminino.
- Sul aparece em seguida com 83,1%.
- Norte conta com um total de 83%.
- Sudeste possui 81,7%.
- Nordeste conta com 80,2%.
A prioridade de conceder o cartão do programa para mulheres vem desde o Bolsa Família, a fim de dar maior independência a este grupo.
Auxílio Brasil tem 21 milhões de beneficiários
Para o mês de outubro, o Auxílio Brasil conta com 21,13 milhões de beneficiários. Nesse sentido, considerando o repasse mínimo de R$ 600, o total do investimento será de R$ 12,8 bilhões.
No entanto, alguns participantes recebem quantias adicionais, de forma que o valor médio ficou em R$ 609,65 por família.
Quando se compara com mês de setembro, houve um aumento 2,3% dos beneficiários. Isto é, visto que o programa contava com 20,65 milhões de famílias anteriormente.
Além disso, para este mês de outubro também está acontecendo o pagamento do Vale Gás. Este benefício não teve depósito em setembro visto que é bimestral, ou seja, apenas pago a cada dois meses.
A partir de agosto, o Vale Gás passou a contar com o valor de 100% do preço do botijão de 13 quilos. Antes, contudo, a quantia representava 50% do preço. Este percentual se manterá até o fim de 2022, voltando à cota inicial em janeiro de 2022.
Neste benefício estão alguns participantes do Auxílio Brasil e do BPC (Benefício de Prestação Continuada). Assim, o total de beneficiários do Vale Gás é de 5,98 milhões.
No início do ano o governo indicava que adicionaria mais beneficiários a cada mês de pagamento até atender todos os participantes do Auxílio Brasil. Contudo, estas inclusões ainda não ocorreram.
Programa terá novas inclusões?
Em outubro, o Auxílio Brasil contou com a inclusão de mais beneficiários. Assim, outros cidadãos buscam saber se podem entrar em outros pagamentos do benefício.
No momento das inclusões, o ministro da Cidadania, Ronaldo Bento, falou sobre as filas de espera do benefício.
“Hoje temos 100% da população brasileira em situação de vulnerabilidade social na faixa da pobreza extrema recebendo Auxílio Brasil”, defendeu.
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No entanto, caso algum brasileiro ainda não tenha entrado na medida e está em situação de pobreza ou extrema pobreza, este pode pedir sua inclusão. Para tanto, ele deverá se inscrever no Cadastro Único no CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) de sua cidade.