Na última terça-feira, dia 18 de janeiro, o pagamento do Auxílio Brasil se iniciou. Assim, os participantes terão, ao menos, R$ 400 de garantia até o fim de 2022.
No entanto, apesar do aumento, um estudo indica que boa parte do benefício deve se destinar a dívidas dos brasileiros.
Nesse sentido, a partir da pandemia da Covid-19, além de altas índices de desemprego e fome, a situação financeira da população se agravou. Portanto, o programa social será um pequeno alívio para dívidas que precisaram ser feitas num momento de necessidade.
Sobre o assunto, Christiano Arrigoni, economista do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) falou sobre os motivos dessa realidade.
“O alto número de desempregados é o primeiro fator que podemos destacar. Sem uma renda fixa, as pessoas costumam recorrer às dívidas e acabam não conseguindo pagar. O segundo ponto é a alta da inflação, que cresce há alguns meses, diminuindo ainda mais o poder financeiro da população. Os salários não acompanharam o aumento da inflação”, declarou.
Entenda mais o que o estudo demonstrou, a seguir.
O que diz o estudo sobre Auxílio Brasil e dívidas?
A pesquisa foi feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com coordenação do economista Fábio Bentes.
Desse modo, ela indica que 26% de todos os valores que os participantes do Auxílio Brasil irão receber vão direto para dívidas. Isto é, contas que estes precisaram fazer para se manter.
Isso significa, então, que cerca de R$ 21,6 bilhões do orçamento do programa irá para o pagamento de dívidas. Este montante faz parte de um total de R$ 84 bilhões que o Governo Federal irá repassar.
Nesse sentido, a Confederação também mostra que no último ano, 2021, o endividamento das famílias brasileiras cresceu em 70,9%. Isto é, o maior valor dessa taxa até o momento desde quando estes dados são recolhidos.
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Parte do Auxílio Brasil será para consumo imediato
Indo adiante, a pesquisa também demonstrou que grande parte do benefício irá para gastos imediatos. Isto é, que as famílias precisarão de usar assim que receberem.
Desse modo, 43% do Auxílio Brasil, ou seja, R$ 59,1 bilhões de todo o orçamento, irá para este tipo de gastos.
Além disso, o coordenador do estudo entende que este gasto imediato depende de alguns fatores para serem maiores ou menores, quais sejam:
- Rendimento familiar, ou seja, quanto a família recebe.
- Nível de preços, que pode ser diferente em cada localidade ou durante o ano.
- Grau de endividamento, já que os valores poderão se destinar mais às dívidas.
Portanto, a depender destas questões, a quantia do Auxílio Brasil que irá para gastos imediatos poderá variar.
Ademais, sobre quais serão estes gastos, o estudo indica que R$ 31,1 bilhões do orçamento do programa irá para o setor de serviços. Já R$ 28 bilhões irá para o setor de varejo.
Por fim, apenas 3,8% do benefício irá para algum tipo de poupança.
Dieese já havia demonstrado valor da cesta básica
Outra pesquisa que é importante de se lembrar é a do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos).
Antes mesmo do Auxílio Brasil se iniciar, no momento da substituição do Bolsa Família, o órgão estudou sobre seus valores. Nesse sentido, os dados demonstraram que a quantia não conseguiria pagar por uma cesta básica.
Isso ocorreu em razão do aumento do preço dos alimentos e, consequentemente, da cesta básica.
No entanto, o Dieese renovou a afirmação mesmo com o aumento do Auxílio Brasil para R$ 400. Isto é, visto que, no final de 2021, a cesta básica mais barata tinha o valor médio de R$ 454, em Aracaju. Já as mais caras do país eram:
- Em São Paulo, a mais cara, o valor era de R$ 673,45.
- Porto Alegre tinha a média de R$ 672,39.
- Florianópolis, R$ 662,85.
- Rio de Janeiro era de R$ 643,06.
Dessa forma, considerando estes valores, o Auxílio Brasil se destinará a apenas necessidades básicas do brasileiros.
Ademais, é necessário lembrar que o público desse benefício se encontra na linha de pobreza ou extrema pobreza. Portanto, possuem pouca renda a mais do que receberão com o Auxílio Brasil.
Gás de cozinha também sofre alta
Além dos itens essenciais da cesta básica, serviços como energia e outras dívidas, o gás de cozinha vem sofrendo alta em seus preços.
Assim, muitas famílias acabam optando por usar álcool ou lenha, por exemplo. Contudo, estas opções causam muitos acidentes e prejuízos, de forma que este aumento do gás influencia a vidas das famílias de diversas formas.
Portanto, o pagamento do Vale Gás será necessário para que estes brasileiros consigam o mínimo para se manter.
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Vale Gás será pago junto do Auxílio Brasil
Assim que o Auxílio Brasil se iniciou, ontem, o Vale Gás também foi pago.
Nesse sentido, o programa concederá 50% do valor médio deste produto a cada dois meses. Isso significa, então, um valor atual de R$ 52.
Contudo, essa quantia irá variar de acordo com o preço do gás de cozinha.
Neste mês de janeiro recebem 5,5 milhões de famílias do Auxílio Brasil e do BPC (Bnefício de Prestação Continuada). No entanto, o Governo Federal já se manifestou no sentido de buscar atingir todos os beneficiários do Auxílio Brasil até o fim do ano.
Por enquanto terão prioridade:
- Mulheres vítimas de violência doméstica.
- Famílias com renda menor.
- Famílias com mais quantidade de membros.
Nesta quarta-feira, dia 19 de janeiro, então, receberão aqueles que possuem NIS (Número de Identificação Social) de final 2.
Quem recebe o Auxílio Brasil hoje?
Junto do Vale Gás, o Auxílio Brasil seguirá o seu calendário de pagamentos da mesma maneira de costume, ou seja, no dez últimos dias úteis do mês.
Portanto, se iniciando no dia 18 para quem tem o NIS de final 1, hoje serão aqueles de NIS de final 2, assim como no Vale Gás.
Será, então, o valor mínimo de R$ 400 até o fim deste ano de 2022. Contudo, é possível que algumas famílias recebam valores maiores, em razão dos benefícios complementares, quais sejam:
- Auxílio Criança Cidadã
- Benefício Compensatório de Transição
- Auxílio Esporte Escolar
- Bolsa de Iniciação Científica Júnior
- Auxílio Inclusão Produtiva Rural
- Auxílio Inclusão Produtiva Urbana